Carta aberta ao Exm.º Senhor dr. Jorge Condorcet
Meu caro amigo Jorge Condorcet,
Li numa página do Facebook que, no prélio entre Académica e Estoril, foste o “homem da bola”. E como diz o texto lá inserto,
“No nosso primeiro jogo da época, nada como ter o sócio nº1 da Briosa no relvado! O Professor Jorge Condorcet entrou em campo com os nossos rapazes, e transportou a bola de jogo até ao meio do terreno como que dando o pontapé de saída para a nossa vitória de hoje!”.
Não é de hoje nem de ontem a nossa amizade; antes pelo contrário, já lá vão largas dezenas de anos.
Lembro-me, quase como se fosse hoje, quando, devido às tuas qualidades de humorista e ilusionista de primeira água, eras uma figura sumamente popular e idolatrada tanto dentro da academia como do povo-povo. Até no estrangeiro onde, com os grupos académicos, te deslocavas.
O nosso conhecimento vem desses tempos – quantas saudades! – e amizade acentuou-se quando eu andava na EMPC (sabes porquê, não vale a pena relembrar, não obstante o poeta ter escrito que “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena).
Ao saber da “homenagem” que, indirectamente, a direcção da BRIOSA te prestou, eu meu coração encheu-se de alegria. É que nunca é tarde para se prestar justiça.
És, desde há anos, o sócio n.º 1 da BRIOSA, uma honra que espero, tenhas por muitos e bons anos, com saúde e paz contigo próprio, com a família e com o mundo.
Era para terminar neste parágrafo, mas pensando melhor, resolvi acrescentar uma pequena história sobre o teu humor repentista. Creio que já a publiquei mais que uma vez neste jornal: uma, quando saía em papel e logo após o acontecimento; outra, já nas edições on line.
Foi no Luso. A Académica – o CAC, presumo, na altura – andava num período nada bom, e teve de disputar um jogo contra o Luso.
A Académica com o Luso, claro que era uma espécie de Benfica-Belenenses, pois as gentinhas da região queriam ver o Luso derrotar a Académica, e porque a distância entre Coimbra e o Luso, os sócios da Académica queriam, e foram, dar-lhe o apoio necessário e justo.
O campo estava à pinha. Transbordava. Na “central”, à minha frente, havia um lugar “guardado” com um jornal no assento. Passaste, deste um ou dois passos atrás, e inqueriste com cara um tanto ou quanto humorada:
- Este lugar está ocupado?
- O senhor, de meia idade – ou três quartos, talvez -, abonou a cabeça e falou: está sim.
Sem perderes a postura, respondeste:
- Não faz mal, eu sento-me mesmo ao colo.
E sentaste mesmo. Da malta que assistiu à cena, uma riu e outra sorriu. Creio que houve, também, uma ou duas gargalhadas.
Quando o “dono” do lugar chegou, olhou para ti, olhou para o indivíduo que lhe “devia” guardar o assento, e, ante o encolher de ombros deste, seguiu caminho.
Bons tempos, meu caro Condorcet, Condorcet.
Boa saúde para Ti e os Teus.
Grande abraço.
José Querido