SERÁ QUE CHEGOU A HORA DE MUDAR?
Os números não enganam: 5 pontos nos últimos seis jogos.
As exibições também não: descoloridas, mal conseguidas, dececionantes.
A atitude em campo ainda menos: equipa tímida, descrente, conformada, sem ambição, sem capacidade de reação.
Aqui chegados, vemos os adeptos com posturas bem diferenciadas.
Uns recordam que a Académica entrou esta época com expectativas muito baixas, com um plantel que não poderia aspirar a grandes voos e que um campeonato tranquilo, sem passar pelas aflições do fundo da tabela, significaria cumprir os objetivos traçados.
Outros, que até poderão ter pensado assim de início, foram refinando o seu grau de exigência, à medida que os bons resultados foram aparecendo e a equipa foi subindo na tabela classificaria, até alcançar, isolada, o 1° lugar. E, a partir dessa altura, olharam para a Académica como uma candidata assumida à subida de divisão e esperaram continuar a ver aquela equipa ganhadora, competente, determinada, assertiva, confiante, que passeava classe pelos diversos campos e que, se não chegava à vitória ao minuto 20, a ela chegaria seguramente, se necessário mesmo no final do período de descontos.
Incluo-me neste segundo grupo. Daí a enorme frustração com que tenho assistido a este ciclo terrível de exibições e resultados dos meses de Fevereiro e Março, culminado hoje com mais este dececionante empate a 0, em casa, com um fraquinho Vilafranquense, que não vence há 14 jornadas.
Será difícil encontrar uma justificação plausível para tamanho descalabro. Admito que se tenham assustado com o estatuto que lhe foram atribuindo de equipa legitimamente candidata aos lugares de subida e que não tenham conseguido suportar a pressão acrescida daí decorrente, aí incluindo tanto jogadores como equipa técnica.
Nestas circunstâncias, costuma estalar o “chicote psicológico”, com o inerente sacrifício do treinador. Não sou um adepto fervoroso desta solução radical, mas também reconheço que há que fazer algo para inverter este deslizar em sentido descendente, sendo certo que fingir que nada se passa e manter tudo como está é totalmente inaceitável.
Estamos este ano num campeonato atípico em que, por força das circunstâncias, o equilíbrio é maior e o caminho para a subida de divisão tem menos escolhos do que habitualmente. Basta recordar que na próxima época cá teremos as 2/3 equipas despromovidas, que, à partida, se assumem desde logo como principais candidatas aos primeiros lugares.
Nas 8 jornadas que faltam não se pode deitar tudo a perder. Se a mudança de treinador puder ajudar, pois que se faça. Reconheço que Rui Borges realizou trabalho meritório, compatível com aquilo que à partida lhe foi pedido. Mas, convenhamos, um currículo que tem passagens por Mirandela e A. Viseu, poderá não ser suficiente para arrostar com a responsabilidade de uma luta acesa e tremenda pela subida à 1ª Liga.
Poderá ser injusto? Sim.
Poderá não resultar? Sim.
Mas não me parece mal tentar, avançando desde já com a sugestão do recurso a uma solução interna, que passaria por atribuir a Fernando Alexandre, de direito, mas agora também de facto, o comando da equipa.
Como é cómoda a posição do simples adepto fervoroso, ainda que frustrado e desiludido, que pode livremente “mandar palpites”, sem ter a responsabilidade de tomar decisões, tão importantes quão difíceis!
Jorge Pedroso de Almeida