Editorial 02-03-2019

De mal a pior

Num país completamente à deriva, com um autodenominado governo a afundá-lo, e um presidente a ver passar os comboios, é salutar ver que ainda há pessoas que se interessam pelo futuro.

Nesta Coimbra descaradamente rebaixada pelo poder centralizado em Lisboa, a que o edil-mor do burgo, respeitoso e obrigado, continua a  curvar a cerviz, faz bem saber que ainda há alguém que vele ou queira zelar o seu património, sobretudo na parte herdada; outros o têm feito e continuarão a fazer, sem dar nas vistas mas com afinco.

Amílcar Falcão tomou posse como Reitor da Universidade de Coimbra. No seu discurso não teve dúvidas em afirmar que deseja fazer da UC a instituição mais atractiva do país. É bom ouvir isto; mas importa (re)lembrar-lhe que à UC, uma das quatro mais antigas da Europa, não lhe bonda – desculpe-se-me a informalidade – ser a mais atractiva: à UC compete ser, por razões óbvias, não a maior mas sim a melhor universidade do país, e, se possível, da península ibérica.

Aliás, creio que, na maioria das Faculdades, a UC está uns degraus bem acima das demais da lusa terra. Para que isso se saiba melhor, é preciso divulgar os projectos de investigação internacionais que a universidade centraliza e orienta; é preciso divulgar os avanços metodológicos e científicos na medicina e na cirurgia hospitalares bem como na parte medicamentosa, nas artes e nas humanidades. É preciso reafirmar-se que Coimbra é a MELHOR.

Sei que é preciso lutar contra os poderes instalados na chula Lisboa, mas pelejar foi coisa que D. Afonso Henriques ensinou, e bem, às gentes desta terra abençoada.

Gonçalo Quadros foi homenageado pela universidade: nunca disse que ia fazer, FEZ; e a Critical aí está, pujante, espalhada pelas sete partidas do mundo. Do seu discurso, entre outras coisas, retive a sua opinião de que, numa emprese – e eu acrescento num país – o leque salarial não deve ser superior a dez, isto é, o ordenado mais elevado não pode ser mais que dez vezes superior ao mais baixo.

O Ministério Público e a PJ não têm mãos a medir, tantos são os indícios – certezas talvez seja mais correcto – de corrupção e de vigarices que estão a vir ao de cima. Para que os processos avancem, é necessário agilizar os processos. Obviamente que aos infratores, e principalmente aos seus advogados, tal pouco interessará: uma justiça cega e rápida talvez enviasse para a cadeia umas centenas elevadas de corruptos e corruptores que por aí andam a pavonear-se, a rir-se do pagode que trabalha e poupa.

O Novo Banco é um pequeno exemplo; todavia, o dinheiro que já lá foi injectado, e não se percebe porquê e a favor se quem. Dava para tornar muita gente feliz, ou recuperar muito do património nacional a cair aos bocados.

É carnaval, não é? Então pense-se que nada disto parece mal. Quem se encheu, encheu; quem não encheu, enchesse.

Que falta nos faz um Presidente!

ZEQUE