Editorial 12-09-2020

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(Des) verdades (des) confinadas

As casas pareciam velhas, usadas e gastas pelos passantes de todos os tempos. A vida retoma a sua orientação, o seu ritmo de hábitos repetidamente marcados que reencontram os seus lugares. Desconhecem-se as verdades e ouvem-se sábios e aprendizes. A liberdade tem os dias contados. Não há bocas que suportem o verbo calar nestes tempos de incertezas. As mentes mais generosas reflectem pensamentos assertivos, mas de nada podem para além do pensamento. Quem vai mudar o mundo numa apatia generalizada e amedrontada? As vozes ecoam de muito perto, mas o medo atrofiada mente aceso impede a razão de se servir de si e acaba sendo servida, usada, marionetada! Atentos às falas ditas verdades e desditas apressadamente, os mais confusos dos sentidos abrem portas (des)confinadas, palavras faladas ou murmuradas na impiedosa sociedade fálica. É tempo de mudança…

 

Sofia Geirinhas, a poetisa de pé-descalço

Não respeita o AO(90)

Arte - Van Gohg