Editorial 12-10-2019

E agora? 

A turbulência passou e deixou mossa: o PS - partido da direita – venceu por larga margem os partidos do centro (direita e esquerda), e, de modo igualmente brilhante, os partidos da extrema esquerda (BE) e da esquerda clássica e anacrónica (PC).

Olho os resultados e pasmo: como é possível que um povo que foi ludibriado, humilhado e esmagado com impostos durante quatro anos tenha votado em quem tanto o aldrabou com falinhas enganosas e impostos escandalosos. Sim, chegou-se a 2019 a viver-se pior que 2015, pese embora o facto de Passos Coelho ter deixado o caminho aplanado para uma melhoria de vida.

Contas certas? Sim, nos calotes aos muitos fornecedores do estado e nos débitos incontáveis ao SNS; na degradação do ensino; na indignificação das polícias; na história mal contada de Tancos, que, tudo o indica , vai ser abafada; e, sobretudo, no investimento privado de que Coimbra, Figueira da Foz e Leiria aqui tão perto, são excelentes exemplos: Coimbra definha sem ligações rodoviárias para o interior, sem o aeroporto, sem o metro, erc.; Figueira da Foz e já lá vai mais de um ano, as feridas da “Leslie” estão muito longe de sarar; e em Leiria, os “custos” dos incêndios continuam por solvel, pese embora o estado já ter recebido dinheiros pela venda de madeiras ardidas.

Assim é fácil ter “contas certas”, ainda que se não saiba, mas presume-se, o que isso significa para Centeno, e, por osmose, para Costa.

E agora, que futuro para o país? Com um governo que não quer acordos prévios de casamento, resta aos parceiros em divórcio, lamber-se com uma ou outra iguaria, ou, como pensa madame Caty, tirar proveito de um amancebamento.

O PSD, arrasado, vai viver um ano de instabilidade, quer se mantenha Rio, quer ganhe Montenegro; porque, na verdade, o PS, com os sinais que a economia portuguesa apresenta, vai sentir na pele o que o presunçoso Sócrates sofreu: ter de chamar uma nova Troika. Assim, os sociais-democráticas têm de cerrar fileiras – difícil, dadas as diferentes tendências e a apetitosa “Ó glória de mandar, ó vã cobiça” – e preparar-se para, mais uma vez, tirar o país do lamaçal em que a autoproclamada esquerda o atascou.

Não se olvide, contudo, que a ausência de oposição ao PS e apêndices – em que Rio foi perito – pode conduzir o país a uma mexicanização do regime: um sistema com um partido dominante, que distribui as migalhas à esquerda e à direita consoante as circunstâncias e as apetências; enquanto, obviamente e se não amordaçado, o povo o permitir. 

Posto isto, vamos lá a ver como é que Costa se atém. ou avém, com a história da carochinha que vai encenar.

ZEQUE