Editorial 20-02-2021
Falando de coisas simples
Hoje sinto-me estranha em mim. Incapaz de escrever coisas simples.
No entanto, aprecio as mentes simples, as ideias simples, os momentos simples, os gostos simples, os gestos simples, mesmo as gentes simples…
Mas tenho em mim tudo o que há de mais complicado. Sou dificilmente compreendida até por aqueles que julgam conhecer-me.
(Des)gosto de saber que não possuo aquele lado simples e revisto-me de ideias amontoadas e, por vezes, dispersas em tudo o que sou.
Chamei-me de complicada, sim senhora!
Quem mais poderá saber de mim tanto quanto julgo saber?!
Os minutos deslizam desconhecendo a pausa, o tempo de cesura onde se reencontra o outro, onde se satisfaz o outro, onde se alimenta o outro, onde se confronta o outro…
Tudo isto me parece extremamente frágil, denso e insubmisso à contemporaneidade afirmativa e absoluta de fugir às coisas simples.
Tudo o que me rodeia é insatisfação, é insubmissão, é insegurança, é impossibilidade de ultrapassar todas os males deste mundo ao qual nunca pertenci, nem pertenço e jamais pertencerei.
(Imagem retirada da net)
Autoria de Sofia Geirinhas
A poetisa de pé-descalço
Não respeita o AO90
Cébazat, dia 20 de Fevereiro de 2021