Editorial 23/08/2024

EDITORIAL 23 08 2024

FUTURO INDISCRETO

Os assuntos ligados à História sempre me interessaram. Afinal, é com os erros que aprendemos.
O curioso é que tanto acontece na vida de cada um de nós, como com a humanidade que engloba todas as diferentes características do ser humano. O conhecimento da História da humanidade é tão necessário para a grande comunidade, onde nos inserimos, como as nossas memórias pessoais são necessárias para saber quem, realmente, somos.

E onde é que o Futuro se encaixa na História? Onde é que as nossas memórias pessoais nos podem ajudar a saber para onde queremos ir?

Ora é aí que cabe o ensino, que dá tema a O Ponney desta semana.
Estudar o que promoveu a humanidade ou o que a fez destruir. Tal como nos lembrarmos do bem e do mal que cada um fez e saber como escolher o seu caminho pelas consequências dos seus atos. A História da humanidade, tal como as nossas memórias, não pode fixar-se apenas num dos lados, seja bom ou mau - segundo os nossos julgamentos particulares.

Para entender melhor o bom que se transforma em mau, ou o mau que se transforma no bom é que comecei a ler o livro «O Colecionador de Lágrimas» escrito por Augusto Cury. O livro aborda o assunto dos crimes nazis na segunda guerra mundial e de como o que era bom passou a mau e o seu contrário. Onde está a fronteira de tudo isto?

Logo na introdução do livro, encontrei o que pode ser a raiz da resposta. Por isso partilho este pensamento sobre o ensino na projeção para o futuro: «Penso que a educação que contempla somente as competências técnicas, que não esculpe a resiliência, o altruísmo, a generosidade, a capacidade de se colocar no lugar dos outros, de expor e não impor as ideias, e, em especial, de pensar como humanidade, não previne novos holocaustos, não viabiliza a espécie humana para seus futuros e cáusticos desafios, ainda que promova o PIB (produto interno bruto). Somos americanos, europeus, asiáticos, africanos, judeus, árabes, muçulmanos, cristãos, budistas, ateus...mas acima de tudo constituímos uma única e grande família, a humanidade.»

Transcrevi a ideia de Augusto Cury para que nos possamos lembrar que a verdadeira missão do ensino (a História em particular), que não é somente para as competências técnicas, é, sobretudo, para o que nos torna mais próximos da humanidade.

Uma pessoa que exerça a profissão de professor não pode levar os alunos a serem resilientes, altruístas, generosos e colocarem-se no lugar dos outros se dorme no carro, porque não tem dinheiro para pagar casa onde o destacaram. Ou se está a ensinar, mas preocupado com a sua sobrevivência mais básica, tem tendência para se afastar dos valores da humanidade. Por isso iniciamos com o artigo «QUER SER PROFESSOR? - NÃO, OBRIGADO!» onde denunciamos as situações que vivem a maior parte dos professores, para que possamos olhar para as manifestações dos professores e não ficarmos indiferentes com a ideia errada de que “eles ganham melhor que eu” e assim acalmar a nossa consciência com a ignorância. Uma das fronteiras que transforma a nossa bondade em maldade.

Dado que o ensino está a tentar desviar-se do caminho de ser humanista e caminhar mais, ou apenas, para as competências técnicas a “inteligência” artificial (IA) começa a ganhar mais terreno. Sendo uma ferramenta, mas nunca a mão que a usa e por isso o artigo «IA NAS ESCOLAS» para sabermos um pouco mais sobre esta ferramenta e da mão que a usa.

O artigo « ENSINO SUPERIOR COM NECESSIDADES INTERGERACIONAIS» traz-nos informação sobre a necessidade de o ensino superior dever estar mais aberto a gerações mais antigas. As novas diretrizes mundiais indicam que as universidades devem começar a chamar, com incentivos e atrativos, para outras gerações que não as mais jovens. Um recado para uma das mais antigas universidades do mundo: a de Coimbra.

O outro assunto abordado, dentro do ensino, é que a «PRECARIEDADE REDUZ SENTIDO DEMOCRÁTICO». Preparar para o futuro, mas que futuro desejamos? É uma questão implicitamente colocada em cada artigo de O Ponney desta semana.

Porque nos questionamos sobre o futuro que desejamos é que trazemos o artigo «EMPREGOS DO FUTURO» para que possamos entender a importância de escolhermos o futuro que desejamos, para nós e sobretudo para as gerações vindouras.

E no estudo que fazemos da História, ou no que fazemos no dia-a-dia (passando a história em cada segundo da nossa vida), devemos pensar sempre que temos um FUTURO INDISCRETO que nos espreita.

Nos artigos de opinião, começamos com a opinião de Edite Cardoso, economista, a quem solicitei um artigo muito resumido, mas que não deixa de ter um importante conteúdo, sobre a questão dos fundos europeus em Portugal e a sua gestão com as consequências para o desenvolvimento de Portugal; com o título/pergunta provocatória «CONSEGUE ENCHER UM BALDE FURADO?»

O segundo artigo de opinião é do nosso amigo Sancho Antunes, motorista dos SMTUC, que faz um «PEDIDO DE DESCULPAS À POPULAÇÃO DE COIMBRA». É importante a sua leitura para nos situarmos entre tantas informações e desinformações sobre os transportes municipais de Coimbra.

O terceiro artigo é da nossa colaboradora assídua, Rosário Portugal, que dá a sua opinião sobre as «DESCULPAS E ARGUMENTOS QUE DE NADA VALEM». Uma questão para refletirmos.

O último artigo de opinião é de Jô Jones que nos traz um assunto muito polémico nos relacionamentos amorosos com o título «COMPLEXIDADES DOS RELACIONAMENTOS TÓXICOS E A BUSCA POR AFETO FORA DO LAR» uma questão muito polémica que pode colher prós e contras. Mas que nos faz pensar se há desculpa pela procura de “afeto fora do lar”.

E mais artigos para descobrimos nas nossas outras áreas.

Desafiamos os nossos leitores a escreverem para a nossa redação. O nosso e-mail é : info@oponney.pt - esperamos pela vossa opinião, crítica ou sugestão de artigos.

Bom fim de semana para todos.

José Augusto Gomes
Diretor do jornal digital O Ponney