Editorial 30-01-2021

O PAÍS DIVIDIDO

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A democratura sobre a democracia impõe-nos uma já obsoleta CRP, que deve ser respeitada por votantes e abstencionistas, seja, por um conjunto teórico de eleitores – todos os inscritos.

O PR, segurança dos valores da CRP, não tem segurado grande coisa, ao serviço dos sistema e regime que, dizem, a CRP regular.

Uma das principais funções do segurança é, precisamente, garantir o combate efectivo à abstenção – contudo, um direito garantido – e potenciar um crescente número de eleitores.

Pese embora o segurança ter conseguido aumentar 122.142 (0,5%) no número de eleitores na respectiva reeleição - sem adversários à altura – não conseguiu impedir um novo e acentuado recorde da abstenção – que subiu 19% - mesmo com um aumento de 10% dos inscritos.

Todavia, o conjunto de incidentes no processo eleitoral é indiciador dos escassos empenhos para obter uma votação efectivamente expressiva, de que são exemplos a escolha da data para o acto eleitoral e o impedimento a centenas de milhares de emigrantes, para não referir as peripécias risíveis em território continental, que a circunstância da pandemia só acentuou, deixando a nu o verdadeiro estado de direito.

Num país crescentemente dividido, continuar-se-à a conviver com a minoria mínima dos agentes da democratura, 39,48% de eleitores e 60,5% de abstenções, reflexo de continuados e crescentes agravamentos das desigualdades.

Porque será que uma maioria de abstencionistas – 6.530.943, em crescendo – se recusa a participar? Será porque é ela que mais sofre o País, enquanto não se revê no presente nem vislumbra futuro nem rumo traçados?

Decerto, a CRP e os sistema e regime não estão interessados em os acolher nem tal acolhimento é desejado!

Decerto, as clientelas dos sistema e regime preferem a prevalência entre as corrupção e marginalidade crescentes.

Decerto, o quotidiano é muito cómodo para os que disfrutam!

Uma questão já não pode ser escamoteada: as crises partidárias são já comuns a todos e, não sendo permitidos mais que dois mandatos, haverá candidato elegível para o cargo institucional de segurança-mor, daqui a cinco anos?

Será que, daqui a cinco anos, 60% do país continuará a tolerar a minoria autocrática? Depois dos anos passados de sacrifícios e daqueles que, inexoravelmente, se adivinham?

A pandemia não será refúgio para uma realidade que vem de trás!

E, cinco anos é muito tempo que passa num instante…

Sande Brito Jr

30-01-2021