Editorial 30/08/2024

EDITORIAL 30 08 2024

OPERAÇÃO SUSTENTABILIDADE

 

A questão da sustentabilidade, ou a questão da fome, ou ainda as questões laborais versus necessidades de mercado e outras questões importantes, que se refletem no nosso dia-a-dia, costumam ter um “filtro ideológico” que nos impedem de sermos isentos. De entendermos o todo na sua maior proximidade ao que chamamos ‘verdade’.

Quando olhamos para os problemas à nossa volta construimos sempre uma cadeia de pensamentos com base nos nossos níveis de ansiedade, das nossas crenças (religiosas ou políticas), nas nossas experiências do nosso passado, acabando por, em frações de segundo, contaminarmos os nossos julgamentos. Sem sequer nos apercebemos. O que deveria ser um pensamento para procurar resolver um problema, ou ajudar a resolver, acaba por ser uma opinião fechada sobre cada um de nós. O que aconselho (se o posso fazer) é que possamos sair de nós e ver o lado do outro, ou como se costuma dizer “calçar os sapatos do outro”. Imaginem quantos crimes seriam evitados, quantas amizades seriam mantidas, quanto da nossa opinião se tornava mais produtiva. Colocar-se no lugar do outro não garante a verdade, mas aproxima-se muito dela. Vale o esforço.

Confesso aqui, um erro meu quando julgava a questão da sustentabilidade como unicamente uma bandeira ideológica. Porém quando, numa das deslocações pelo imenso Brasil, vi um enorme incêndio, em pleno Inverno brasileiro, na berma da estrada sem que nenhuma corporação de bombeiros estivesse a controlar o incêndio percebi que o problema da sustentabilidade é real e deve ser encarado com seriedade. Em pleno Inverno e com maior intensidade no Verão os incêndios prolongam-se pela mata brasileira sem medidas estruturadas para o seu combate. Justificam que o Brasil é grande, mas um bolo grande come-se fatia a fatia. Depois de ter presenciado este desastre, continuo a pensar que a questão da sustentabilidade é uma questão ideológica, como quase todos os assuntos, mas não é unicamente ideológica e o assunto é demasiado sério para andarmos a esgrimir ideologias.

O Brasil é um país que, pela sua área, parece mais continente que país, e tem a maior reserva de água doce do mundo, mas é exatamente aqui que nos apercebemos das consequências de não considerarmos a sustentabilidade como um grave problema mundial quando vamos tendo, à nossa volta, o que necessitamos.

Vamos aprendendo todos em conjunto. Este episódio tornou-me mais consciente de que devemos sair do papel de juiz e passarmos para o lugar do réu. Neste caso eu percebi que a sustentabilidade do planeta está mesmo em risco, mesmo que continue a discordar com a ideia que devemos voltar à vida nas cavernas, entender o erro do outro faz com que aceite que também posso errar a minha posição.

Neste exercício, de me colocar nos sapatos do outro, dá-me mais propriedade para entender os meus erros e os erros do outro. Por isso abrimos com o artigo « NÃO HÁ CABRA QUE AGUENTE», onde apreciamos a ignorância, não reconhecida, dos decisores municipais de Coimbra sobre a questão das ervas nas ruas.

E na contradição de se deixar crescer ervas pelas ruas da cidade, opõe-se a ação clara e eficiente de cortar tantas grandes árvores, que sustentavam o oxigénio e a sombra a Coimbra. Nesta contradição trazemos o artigo «AS GRANDES ÁRVORES MORRERAM DE PÉ » transcendendo a questão partidária e olhando para o problema da desertificação da cidade como um grave problema.

O artigo «OS SENHORES DO LÍTIO» traz à discussão um problema nacional e internacional. Sabia que Portugal tem a sétima maior reserva de lítio internacional? A verdade é que o lítio, pela sua procura já se tornou o “ouro branco” do futuro. Mas será que os países com maior reserva de lítio serão países mais ricos e as reservas serão perpétuas?

Uma das maiores utilizações do lítio é para baterias de veículos a nível mundial. Os veículos elétricos talvez sejam a melhor opção para combater os motores a combustão, ou talvez não. Para tentarmos entender o todo é que apresentamos o artigo « ELÉTRICOS OU TRANSFORMERS?» para podermos ter um pouco mais de dados, nacionais e internacionais.

Terminamos a área de destaques com o artigo, ainda dentro da sustentabilidade, com a questão do aumento de taxas no consumo de água doce em Coimbra. Mais um artigo para refletirmos «ÁGUA CORRE PARA O AUMENTO DA TAXA».

Nos artigos de opinião trazemos «A ARMADILHA DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL» pela mão da nossa paciente amiga e gestora, Judite Ramos, que nos levanta uma questão pouco habitual sobre a IA. Prometemos que este artigo traz uma discussão muito diferente do habitual sobre a IA.

O nosso amigo e colaborador assíduo, Sancho Antunes, traz-nos um artigo para termos uma reflexão sobre os «PROBLEMAS E SUAS CAUSAS PELA ESCASSEZ DE CONDUTORES DE TRANSPORTES PÚBLICOS». É uma questão que tem um peso na solução da sustentabilidade do planeta e é transversal com a questão laboral.

Num outro registo, mas continuando com a reflexão de “nos colocarmos nos sapatos dos outros” o artigo escrito pela nossa amiga e madrinha de O Ponney, Rosário Portugal, traz-nos o artigo que nos pode ajudar a escolher o «CAMINHO DA PAZ».

Manuela Jones, a nossa outra madrinha, traz-nos o artigo que tem intenção de pensarmos na questão do «NARCISISMO E A AUTODESTRUIÇÃO».

E mais artigos para descobrimos nas nossas outras áreas da cultura e das curiosidades num artigo sobre a sobrevivência.

Desafiamos os nossos leitores a escreverem para a nossa redação. O nosso e-mail é : info@oponney.pt - esperamos pela vossa opinião, crítica ou sugestão de artigos.

Bom fim de semana para todos.

José Augusto Gomes
Diretor do jornal digital O Ponney