Editorial 07-11-2020

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Os contratos de alma: o perigo desmesurado do medo

 Na linha do tempo em que se manifestam dúvidas de alma, os medos propagam-se como se fossem chamas e as labaredas transformam-se em florestas devastadas, entristecidas e solitárias.

As árvores suportam todos os impedimentos maquiavelicamente trabalhados no impuro silêncio.

E as almas? Conhecem elas as virtudes e os malefícios do temor?

Desconhecem-se os poderes da natureza e seus medos absorvem todo o sustento. A alma submete-se ao contrato estabelecido e vagueia pela estrada do tempo tentando evitar o perigo do desmesurado medo.

E vivem-se momentos em que as folhas se separam dum sentimento umbilical e viajam sem destino amareladas e enfraquecidas. As árvores resistem-lhe e persistem no seu leito enraizadamente construído com ardor e labor.

Em tempos mais ou menos longínquos fomos árvore, folha, raiz, caule, pétala ou semente; fomos terra, bicho, água, fogo ou ar. Na margem não somos nada ou somos tudo e para sempre seremos uma folha assinada de um contrato único a cada alma emprestada.

Sofia Geirinhas

A poetisa de pé-descalço

Cébazat, 07 de Novembro de 2020

(Imagem retirada da net)