BÚSSOLA PARA O FUTURO DAS CIDADES

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Hoje, cada vez mais as cidades de todo o mundo estão a abraçar o poder da tecnologia moderna e a desafiar os seus líderes para passarem a ter um novo papel crítico. Trazendo novos motes e questões sobre o combate aos vastos desafios ambientais e sistémicos que a pandemia global revelou.

A tradicional abordagem, com único recurso à política partidária e planeamento urbano apenas para o presente está a tornar-se cada vez mais obsoleta. O impacto da pandemia acelerou inequivocamente o ritmo das mudanças emergentes que agora têm implicações claras para o declínio do modelo tradicional de “cidade centralizada”.

A adoção intencional de soluções inteligentes, digitais e centradas na experiência tornou-se indispensável para superar os desafios atuais e alinhar os serviços da cidade com as necessidades futuras e o bem-estar do público. A utilização estratégica, informada e baseada em resultados da tecnologia digital será a chave para moldar com sucesso as cidades e os serviços para uma nova era.

As grandes cidades das primeiras décadas do século XXI são um mercado fascinante para inovações em todas as esferas da vida. Vejamos 22 tendências que provavelmente terão impacto no futuro das cidades. Essas tendências são categorizadas em 7 temas.

A equipe de pesquisadores de futuro (liderada pelo Ph.D. Tuomo Kuosa, autor de The Evolution of Strategic Foresight) estudou uma grande variedade de tendências e fenómenos futuros. Em seguida, as tendências mais relevantes que afetam as cidades do futuro foram categorizadas em temas principais e examinadas de perto.

O Ponney traz estes sete temas deste artigo e que são temas-chave exibidos no radar de previsão Future Cities alimentado pela Futures Platform.
Neste artigo, analisamos as prováveis cidades futuras com os seguintes sete temas principais em mente:

Mudanças Demográficas : Como serão as futuras populações urbanas?

Construção e Urbanização : Que tipo de estruturas urbanas deverão ser para um futuro mais sustentável?

Trabalho e Receita : Como é que as pessoas trabalham e ganham a vida?

Serviços : Que tipo de serviços públicos e prestadores de serviços privados utilizarão?

Lazer e Interação Social : Como é que passam o tempo e o que valorizam?

Transporte : Como é que as pessoas se movimentam no ambiente urbano?

Segurança e Proteção : O que há de diferente em relação à segurança e proteção em comparação com os ambientes urbanos de hoje?

A população do mundo continuará a crescer durante algumas décadas. Mas este crescimento já não se baseia apenas num aumento da taxa de natalidade; será o resultado de padrões de vida mais elevados, da redução das taxas de mortalidade e das migrações.

De acordo com o artigo da OMS “10 factos sobre o envelhecimento e a saúde“ , haverá mais pessoas com mais de 60 anos do que crianças com menos de 5 anos na década de vinte do século XXI. Atualmente, o grupo etário de 60 anos representa cerca de 12% da população mundial. Estima-se que essa percentagem duplique até 2050. O rápido envelhecimento da população acarreta uma série de desafios sociais, alguns dos quais já são atuais em muitos países. Estes países foram forçados a prolongar as carreiras e criar um sistema de “semi-reforma” onde é pago uma parte e a outra é garantida por um meio-tempo de trabalho, a fim de manter um rácio de dependência adequado.

Ao mesmo tempo, a humanidade também está a urbanizar-se a um ritmo acelerado . Com apenas 3% das pessoas no mundo que viviam em áreas urbanas em 1800, a proporção, nos dias de hoje, já atingiu aproximadamente 55%. Todos os dias, o número de residentes urbanos aumenta em cerca de 200.000 pessoas em média pelo mundo.

Em 1990, havia apenas dez megacidades no mundo, com uma população de mais de 10 milhões de pessoas. Hoje, existem mais de trinta megacidades.

De acordo com a GlobalData, cerca de 8,2% da população mundial (cerca de 600 milhões de pessoas) vive em uma das 35 megacidades localizadas ao redor do mundo. Juntos, contribuem para uns impressionantes 14% do PIB total mundial. Mas 10 milhões é um número que talvez faça pouca justiça à escala real da mudança. Uma estimativa do Global Cities Institute da Universidade de Toronto coloca algumas cidades como Lagos, na Nigéria, com mais de 80 milhões de habitantes até 2075. De acordo com o mesmo estudo, as 20 principais cidades com as maiores populações estarão no continente africano, e não Ásia, Europa ou Américas.

Cada vez mais representantes da geração “millennial” estão a começar a assumir papéis de liderança nos negócios, na política e nas empresas que definem o mercado. Nos países emergentes, a pobreza absoluta e as guerras estão a diminuir e a classe média está em ascensão. Por outro lado, no mundo ocidental, a classe média está a diminuir e a polarização geral da sociedade está a acelerar com as migrações.

No seu conjunto, as mudanças demográficas representam uma das maiores forças que moldam a cidade, ou cidades, do futuro.


No futuro, as cidades terão que incluir a sustentabilidade, a inclusão e a utilização mista como áreas prioritárias. A tecnologia, cada vez mais, será utilizada para criar uma nova qualidade de vida em empreendimentos bem planeados que não percam o cuidado com as necessidades do ser humano. O Ponney vai apresentar, por alto, alguns projetos prontos para o futuro que acontecem em cidades ao redor do mundo.

CONSTRUIR NO SUBSOLO

O espaço é essencial, mas também os baixos custos de energia e de construção. Estruturas subterrâneas começam a cobrir cada vez mais espaço nas cidades. Pois eliminam a necessidade de fundações, o que reduz os custos de construção. Além disso, a temperatura permanece estável, reduzindo as contas de aquecimento e refrigeração em até 80%. A construção subterrânea pode revelar-se mais resiliente em locais onde prevalecem desastres naturais.

Singapura fornece um exemplo inspirador desta nova prática. Desde centros de dados e centrais de serviços públicos até armazéns e terminais rodoviários, esta cidade-estado descobriu como aproveitar ao máximo a passagem abaixo do nível das ruas.

Helsínquia pretende manter a sua pegada de carbono baixa e para isso coloca o seu horizonte urbano cada vez mais para baixo. A capital finlandesa tem vindo a desenvolver uma cidade subterrânea com centros comerciais, estações de metro, piscinas, bem como um dos centros de dados mais ecológicos do mundo.

TÚNEL PARA O FUTURO

Não vamos esquecer os túneis do futuro. Em Kuala Lumpur, o Túnel Rodoviário e de Gestão de Águas Pluviais combina rodovias subterrâneas com controle de enchentes. Quando chega a estação das monções, o tabuleiro inferior da rodovia é convertido num canal de drenagem para desviar a água da cidade em caso de inundação.

O transporte através de túneis tem cada vez mais tendência para crescer. A tecnologia é hoje muito mais rápida e barata, por isso a cidade do futuro verá mais soluções, como planos em Londres para uma rede subterrânea de túneis que poderá transportar 600 milhões de pacotes por ano.

A Swisspod está a desenvolver um sistema hyperloop que poderá transportar passageiros e carga de Genebra a Zurique em 17 minutos.

PONTES PARA O FUTURO

A ponte do futuro fará mais do que ligar dois pontos. Um exemplo interessante está a ser construido em Washington, D.C.: o 11th Street Bridge Park. Oferecerá tudo, desde um anfiteatro até uma lancha para barcos, bem como ciclovias e pedestres ao longo do rio Anacostia.

As cidades futuras verão mais pontes suspensas “programáticas fechadas” que abrigam escritórios e restaurantes, como o Linked Hybrid Building em Pequim.

Para que os residentes possam aceder facilmente aos diferentes níveis e às áreas de utilização mista, as cidades confiarão cada vez mais em inovações como o MULTI, o primeiro elevador sem cabos que não só sobe e desce, mas também para a esquerda e para a direita.

A CIDADE DO FUTURO IRÁ MISTURAR MAIS

O desenvolvimento de uso misto é o futuro da cidade. O ambicioso Sidewalk Labs de Toronto já está defendendo esta posição. Estes empreendimentos contam com sistemas de construção modulares que reúnem a vida residencial e comercial com instalações públicas e parques.

Criam ambientes partilhados que são mais propícios à integração de inovações em edifícios sustentáveis e energeticamente eficientes. Por exemplo, podem funcionar na sua própria micro-rede que utiliza fontes renováveis no local. A construção flexível pode evoluir com as novas necessidades da cidade, eliminando a dinâmica de constante demolição e reconstrução.

O desenvolvimento misto pode ser encontrado em todas as formas e tamanhos. Na cidade de Medellín, Colômbia, também demonstram uma forma de unir diferentes comunidades. Os Parques Biblioteca, por exemplo, são espaços multiusos que reúnem pessoas de diversos bairros para criar um novo polo urbano.

AS RUAS DA CIDADE DO FUTURO SERÃO CADA VEZ MAIS INTELIGENTES

Os grandes volumes de dados, difíceis de gerir (tanto estruturados como não estruturados) continuarão a ser analisados para permitir uma utilização mais eficiente dos serviços, ruas e transportes públicos da cidade. Um bom exemplo pode ser encontrado em Los Angeles, com luzes de rua que reagem ao que está acontecendo ao seu redor. Por exemplo, se uma multidão estiver a sair de um estádio à noite, as luzes podem aumentar para iluminar o caminho – ou piscar para alertar sobre a chegada de uma ambulância. Ou as informações sobre o espaço será cada vez mais interativo.

Os avanços nas redes de longa distância de baixo consumo de energia e 5G proporcionarão melhor conectividade em um grande número de dispositivos e em longas distâncias. As aplicações urbanas irão se fundir com a tecnologia de realidade alternativa (AR) para fazer sugestões inteligentes e personalizadas para uma experiência urbana altamente intuitiva.

O FUTURO É MÓVEL

A cidade do futuro terá, sem dúvida, menos carros e mais veículos autónomos. Os residentes poderão compartilhar cada vez mais veículos e cápsulas de transporte público que podem ser chamadas por meio de uma aplicação. A cidade do futuro será para peões e ciclistas, com soluções subterrâneas e até mesmo acima do solo.

O veículo voador. EVTOLs – veículos elétricos de descolagem e pouso verticais – de pequeno porte, com a agilidade de um helicóptero e o tamanho de um carro, estão atualmente em desenvolvimento por empresas como a Uber Elevate.

O FUTURO É URBANO

Embora alguns projetos para a cidade do futuro, como veículos voadores e edifícios subterrâneos, possam parecer algo saído de um romance de ficção científica, a maioria das ideias surge de um compromisso muito prático de manter a sustentabilidade, a habitabilidade e a comunidade nos locais que serão lar de grande parte da população até 2050.

Hoje, as cidades têm que apontar para esse futuro próximo.

AF