O MUNDO CAMINHA PARA...UM URINOL?

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Com as muitas guerras a rebentarem e a ameaçar uma guerra nuclear, a maioria das pessoas não se apercebe de que a tomada de posição deve assentar em conhecimento e não a ceder a oposições odiosas.

O Ponney considera que o caminho que a Arte levou ajudou a esta falta de estrutura de pensamento.

Afinal os movimentos de Arte refletem muito a alteração do pensamento que nos direciona a vida de cada um de nós. Desde os mais ínfimos pormenores dos preços dos produtos até a seleção da nossa formação para uma vida ativa na sociedade e por isso é importante estarmos atentos.

Desde o artista plástico francês Marcel Duchamp, célebre pelas suas esculturas "ready made" ou “arte” onde não é necessário artista - nasceu no dia 28 de Julho de 1887 em França. Fazendo, este ano de 2024, 136 anos se estivesse vivo.

Ora a Arte é reflexo da transformação do pensamento social e por isso merece a nossa atenção Duchamp, que apesar de não estar vivo está muito presente entre nós, pois ficou a sua marca que influencia as novas gerações de artistas onde a arte é feita com um qualquer objeto (ganhando o mais abjeto dos objetos) que retirado da sua função, ou ex- serventia, passa a estatuto de “obra de arte”.

Com estes "ready-mades” (a tal “arte sem artista”), Duchamp, não pretendia criar objetos belos ou interessantes. Sendo isso muito evidente e entendia que a crítica da obra de arte não deveria estar estendia à antítese bom gosto-mau gosto.

Por isso “criou” a sua “obra” mais representativa a “fonte” que não passava de um urinol virado ao contrário criando a perceção de se assemelhar a uma fonte.

A Arte deixou de depender da técnica de um artista, ou do abandono do processo usual da técnica, para passar a ser apenas a escolha de um objeto casual e possivelmente bem abjeto para representar algum tema dentro dos assuntos da moda. Passou a fazer escola entre “artistas”, críticos e galeristas a ausência do trabalho do artista.

O conceito de Marcel Duchamp de descontextualizar um objeto como um urinol ou colocar uns bigodes numa reprodução de Mona Lisa, de execução original de Leonardo da Vinci, passou a ser “Lei” para a regrar o novo conceito de descontextualização e desconstrução da Arte.
Esta ‘descontextualização’ está a passar para ‘DESCONSTRUÇÃO’ que nada mais é do que a escolha de um outro termo similar para esconder a secura da criatividade.

É certo que a cada movimento artístico inovador ocorre uma crítica mordaz que esconde um conservadorismo redutor. Foi o caso, por exemplo, do ‘Impressionismo’ batizado por um crítico conservador que considerava o “impressionismo” um trabalho mal feito e inacabado, o que se via era apenas uns borrões...apenas uma impressão e não pintura.

No entanto, hoje o Impressionismo está classificado como uma arte “clássica” - no sentido de ser uma arte com determinadas técnicas e representações perfeitamente características deste estilo.

- Então poderá acontecer a mesma coisa à crítica à Descontextualização/Desconstrução iniciada por Duchamp?

Não! Não pode ter o mesmo percurso porque, enquanto o Impressionismo (ou qualquer outro estilo ou corrente artística contemporânea) recriou técnica, materiais e formas de representação a descontextualização/desconstrução acabou com o sentido do trabalho executado pelo artista - que é o agente ativo da Arte. Ou seja acabou com o sentido de Arte.

Podemos transferir este fenómeno de retirar o artista, como agente ativo da Arte para a Sociedade acabando com as suas regras em vez de se repensar o que seria ideal; rebater para a linguagem que em vez de facilitar a comunicação cria termos ambíguos e confusos onde não é retirado o género (por exemplo); perder a noção dos deveres e direitos entendendo-se que só há direitos e desresponsabilizando-se a pessoa.

Dentro de um tipo de mentalidade que não se questiona está a atual obra “Comedian”, do italiano Maurizio Cattelan, que consiste numa banana presa a uma parede com fita adesiva, foi a leilão esta quarta-feira. Considerada como uma provocação do artista italiano Maurizio Cattelan que consiste apenas numa banana madura colada à parede com fita adesiva, foi arrematada num leilão da Sotheby's em Nova Iorque, por 5,2 milhões de dólares (quase cinco milhões de euros).

Melhor ilustração desta falta de reflexão mundial é que o comprador disse que esta peça «representa um fenómeno cultural que estabelece uma ponte entre os mundos da arte, memes e a comunidade das criptomoedas».

«Nos próximos dias, vou pessoalmente comer a banana como parte desta experiência artística única, honrando o seu legado na história da arte e na cultura popular», afirmou Sun, o capitalista que adquiriu a banana mais cara do mundo, que ajudou à não reflexão.


AF