SENHOR DOS ELÉTRICOS

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Em Outubro de 2023 a Comissão Europeia formalizou a abertura de um inquérito anti subvenções aos veículos elétricos produzidos na China, por suspeitas do Estado Chinês estar a facilitar dinheiro aos seus fabricantes de automóveis, permitindo produtos com preço final mais baixo. Mas essa boa intenção da Europa acabou por sair ao contrário.

O apoio agressivo da China à sua indústria de carros elétricos atraiu a atenção de concorrentes internacionais. A Comissão Europeia, preocupada com o fato de que os EVs chineses se beneficiam injustamente da ajuda governamental, permitindo capturar uma parcela maior do mercado europeu e, potencialmente, sufocar a concorrência europeia doméstica.

O estudo de 2024, elaborado pelo Instituto Kiel para a Economia Mundial da Alemanha, que revelou como é que a China alcançou uma posição dominante na venda de veículos elétricos (EVs). O relatório tornou claro que foram dados biliões de dólares como apoio governamental direcionados diretamente para empresas na China para a montagem de EVs, impulsionando-as para dominarem o mercado global de veículos elétricos.

Quando a estratégia da China já estava dominar o mercado, a Europa decidiu iniciar um estudo que deu razão a esta grande entrada económica da China na Europa.

Ao contrário da Europa que incentiva as compras dos consumidores por meio de isenções fiscais, a estratégia da China foi mais rápida e envolveu um auxílio financeiro direto às fábricas de automóveis. Essa estratégia, totalizando 5,6 biliões de dólares americanos até 2022, dinamizou o crescimento das fábricas de EVs como a chinesa BYD, a que mais beneficiou, recebendo uma quantia assombrosa de 3,7 biliões de dólares entre 2018 e 2022.

O que é interessante é que mesmo as empresas estrangeiras como a Tesla não foram deixadas de lado, recebendo 426 milhões de dólares por veículos produzidos na sua fábrica de Xangai, apesar dos enormes despedimentos da Tesla e agora a esta queda enorme nas vendas.
Depois deste arranque, com a entrega de subsídio direto, que terminaram em 2022, a China passou à fase 2 da sua estratégia passando a apoiar a indústria por meio de isenções fiscais.

A China criou a isenção do imposto de compra de 10%. Em 2024 e 2025, essa isenção vai-se expandir para todos os NEVs, oferecendo economias significativas de cerca de 4.200 dólares por veículo. O incentivo irá diminuir gradualmente em 2026 e 2027.

No entanto a situação comercial entre a China e os Estados Unidos mudou muito com as tarifas de Donald Trump, levou a União Europeia (UE) a tomar medidas. A UE quer agora rever os seus planos quanto às próprias taxas alfandegárias dos carros elétricos chineses. Os impostos poderiam ser dispensados e substituídos por uma regra menos punitiva. A pergunta que é necessário fazer é: se isso tornará os modelos chineses mais acessíveis?

As tarifas que Donald Trump impôs à China podem em breve ser aproveitadas por outros mercados, em especial pela Europa. Estas duas potências terão relançado negociações para rever os seus acordos comerciais. As taxas impostas pela Europa sobre os automóveis ligeiros produzidos na China podem ser suspensas em favor de uma nova regra. Este concentrar-se-ia em "preços mínimos".

Em 2024 a UE aprovou novas taxas alfandegárias contra os fabricantes que produzem os seus modelos na China. Durante um período de cinco anos, as marcas viram o preço dos seus modelos importados aumentar drasticamente, enquanto a UE pretendia punir estes intervenientes do sector, ajudados pelo governo a parecerem mais competitivos do que os intervenientes europeus.

A Alemanha está entre os países mais interessados em rever as condições de importação de veículos elétricos chineses para a Europa com uma solução de adotar a base de "preços mínimos". Abaixo dos quais os carros elétricos chineses não poderiam ser comercializados. Os líderes europeus sabem que, com a situação americana, o seu peso nas discussões pode ser maior. A China terá de vender os seus produtos, e os investimentos nos Estados Unidos poderão ser redirecionados para a Europa, mas agora com mais vantagem para a negociação da UE.

É, por isso, necessário aproveitar a oportunidade, mesmo tendo em conta as dificuldades enfrentadas pelos fabricantes europeus. Importa garantir aqui algumas medidas que impeçam que o alívio dado aos fabricantes chineses não se transforme no fim da indústria na Europa.

Ainda dentro do tema das tarifas e do impacto na indústria automóvel, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni tomou uma posição interessante. Aproveitou a oportunidade para pedir a suspensão do Acordo Verde para a indústria automóvel. Este engloba a proibição de carros emissores de CO2 em 2035 e a meta de neutralidade carbónica até 2050. Serviu a boleia para adiar um grave problema nos países com mais baixa qualidade de vida.

AF

18-04-2025