VENENOS AUTORIZADOS NA UNIÃO EUROPEIA

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A União Europeia, UE, prorrogou a autorização o uso de glifosato, como herbicida, até 2033, com base em estudos da EFSA e da ECHA, as autoridades europeias responsáveis pela segurança alimentar e química. No entanto é controversa esta autorização dado que foi classificado como "provavelmente cancerígeno" pela Agência Internacional de Investigação do Cancro (IARC) desde 2015.

Estudos mais recentes de institutos de investigação como o Instituto Nacional Francês de Saúde e Investigação Médica (INSERM) estabeleceram uma ligação provável entre a exposição à substância química e certas formas de cancro.

A diferença entre as avaliações resulta das metodologias utilizadas pelos institutos de investigação e pelas agências reguladoras europeias, segundo Xavier Coumoul, toxicologista e investigador do Inserm, em França. «Quando um fabricante de pesticidas quer comercializar um produto, as agências reguladoras exigem que o fabricante realize os seus próprios testes para provar que o produto é seguro», explica à Euronews.

Reafirmando este especialista francês: «A EFSA dá pouca importância aos estudos epidemiológicos e baseia-se consideravelmente no que a indústria fornece, enquanto o Inserm ou o IARC se baseiam muito mais na literatura académica e no acompanhamento da utilização real dos produtos». Este processo levanta muitas questões sobre a independência destes inquéritos.

O caso que reavivou a discussão na UE e que é importante também para Portugal, foi o caso apresentado por Ludovic Maugé (em reportagem da Euronews por Valérie Gaurial). Cuja vida está agora por um fio, é uma das pessoas para quem a toxicidade do produto é inegável. Depois de ter sido submetido a mais quimioterapia do que é normalmente permitido, a sua última esperança, diz ele, é um transplante utilizando as suas próprias células estaminais modificadas. É uma hipótese muito pequena. «Como o meu oncologista me disse, já não podemos falar de cura» - confidencia a uma reportagem na Euronews.

Uma vez que o seu cancro foi reconhecido como doença profissional, Ludovic recebe um modesto subsídio social e uma indemnização mensal de 180 euros da Bayer-Monsanto — que fabricou o produto que o envenenou.

"É uma ninharia, mas não me interessa. O mais importante para mim era ver a minha doença reconhecida como relacionada com o trabalho."

Apesar da sua provação diária, Ludovic, que já não pode trabalhar, quer levar a sua luta mais longe. "O que eu quero é espalhar a mensagem a toda a gente. O glifosato destruiu a minha vida — envenenou-me. Estes produtos destroem as pessoas e destroem a natureza", insiste. Está indignado com a decisão da UE de renovar a autorização do glifosato.

"Quando vejo políticos a reautorizarem estes produtos, fico furioso. É o lobby dos pesticidas. Infelizmente, não podemos fazer nada contra estes políticos e a Bayer-Monsanto. Se tivesse uma coisa a dizer à União Europeia, seria esta: proíbam estes produtos. Só isso."

O glifosato é usado na agricultura, em cidades e na indústria e que se prova como um veneno que destruindo o ecossistema acaba por aumentar as doenças cancerígenas pelo mundo. Porém está autorizado na UE o uso deste veneno até ao ano de 2033.

FG
20-06-2025