Lenda da Padeira de Aljubarrota
A minha mente pérfida e rápida deu de si quando tomei conhecimento de que o Cravo pequenino – o cravozinho – enviara quatro militares portugueses para se juntarem aos espanhóis que, no Afeganistão estavam metidos num grande sarilho dada a desproporção de espanhóis e afeganistãos preparados para a luta por causa das afeganistãs, bem jeitosas, que uns queriam trazer e com que outros queriam ficar.
Dado o pedido de socorro dos espanhóis, cravozinho lembrou-se da táctica de Nuno Álvares Pereira usada na batalha de Aljurrabota em que meia dúzia de portugueses derrotou uns milhares de castelhanos, e vai daí, lá mandou os quatro voluntários à força preparados para o que desse e viesse.
E assim foram os quatro e assim vieram os quatro e mais uns quantos…
Enorme, pois, a táctica do quadrado. Lá no seu púlpito, Nuno Álvares Pereira sorria, sorria…
Apanhando a boleia dos maus pensamentos, recordei a lenda – há quem diga que a história é real – da padeira que, terminada a batalha de Aljubarrota, apanhou e desancou uns castelhanos em debandada.
E aqui vai a história talqualmente por aí anda contados nos alfarrábios e publicações on line, que deve significar “na linha”, embora a padeira para além de os pôr na linha os ter mandado desta para melhor – no caso, para pior – porque ela própria, substituindo-se ao demo, se encarregou de os transformar em torresmos.
Brites de Almeida, assim se chamava Padeira de Aljubarrota, foi uma figura lendária e heroína portuguesa, cujo nome anda associado à vitória dos portugueses, contra as forças castelhanas, na batalha de Aljubarrota (1385). Com a sua pá de padeira, teria morto sete castelhanos que encontrara escondidos no forno da sua morada.
Brites de Almeida teria nascido em Faro, em 1350, de pais pobres e de condição humilde, donos de uma pequena taberna.
A lenda conta que desde pequena, Brites se revelou uma mulher corpulenta, ossuda e feia, de nariz adunco, boca muito rasgada. cabelos crespos e uma famosa bigodeira. Estaria então talhada para ser uma mulher destemida, valente e, de certo modo, desordeira. Teria 6 dedos – há quem lhe tivesse contado 8 - nas mãos,o que teria alegrado os pais, pois julgaram ter em casa uma futura mulher muito trabalhadora. Contudo, isso não teria sucedido, sendo que Brites teria amargurado a vida dos seus progenitores, que faleceriam precocemente.
Aos 26 anos estaria ela já órfã, facto que se diz não a ter afligido muito, vendeu os parcos haveres que possuía, resolvendo levar uma vida errante, negociando de feira em feira. Muitas são as aventuras que supostamente viveu, da morte de um pretendente no fio da sua própria espada, até à fuga para Espanha a bordo de um batel assaltado por piratas argelinos que a venderam como escrava a um senhor poderoso da Mauritânia.
Acabaria, entre uma lendária vida pouco virtuosa e confusa, por se fixar em Aljubarrota, onde se tornaria dona de uma padaria e tomaria um rumo mais honesto de vida, casando com um lavrador da zona. Encontrar-se-ia nesta vila quando se deu a batalha entre portugueses e castelhanos.
Derrotados os castelhanos, sete deles fugiram do campo da batalha para se albergarem nas redondezas. Encontraram abrigo na casa de Brites, que estava vazia porque Brites teria saído para ajudar nas escaramuças que ocorriam. Quando Brites voltou, tendo encontrado a porta fechada, logo desconfiou da presença de inimigos e entrou alvoroçada à procura de castelhanos. Teria encontrado os sete homens dentro do seu forno, escondidos. Intimando-os a sair e a renderem-se, e vendo que eles não respondiam pois fingiam dormir ou não entender, bateu-lhes com a sua pá, matando-os, e, um belo churrasco, utilizou-os para fabricar a sua broa com torresmos.
Diz-se também que, depois do sucedido, Brites teria reunido um grupo de mulheres e constituído uma espécie de milícia que perseguia os inimigos, matando-os sem dó nem piedade. Os historiadores têm tido em linha de conta que Brites de Almeida se trata de uma lenda mas, assim mesmo, é inegável que a história desta padeira se tornou célebre e Brites foi transformada numa personagem lendária portuguesa, uma heroína celebrada pelo povo nas suas canções e histórias tradicionais.
Cravozinho também deve estar ainda a delirar de satisfação com a proeza do seu “exército”, que quão depressa foi tão depressa veia.
A tão badalada táctica do quadrado é mesmo eficaz: até o foi no hóquei em patins quando Portugal era campeão do mundo…
http://www.youtube.com/watch?v=xwLbACWc9t4&t=18s
Zefe