MOÇAMBIQUE: A INDEFESA E NUA MULHER

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Imagens chocantes e repugnantes circularam por todo o Mundo, ontem: militares de Moçambique matam, à queima-roupa, com dezenas de tiros, uma mulher que se passeava, borda da estrada, em Cabo Delgado, toda nua.

Primeiro verdascaram-na sem motivo aparente. Deram-lhe forte e feio, com uma espécie de uma cana. Apesar dos seus gritos não houve piedade. Clemência não está no articulado verbal dessa camarilha de militares...

Depois, e sem que ela se fizesse ao mato, antes queria pisar o asfalto da estrada - dava sinais de estar pouco lúcida (nem isso souberam avaliar esses tropas fandangos - gente sem nível e sem educação) - metralharam-na, por diversas vezes, em número incontável de tiros, com,o se fosse a pior dos jhadistas ou a mais temível terrorista.

Indefesa e nua, a mulher ficou prostrada na estrada, sem vida, perante as bocas dos militares, audíveis no vídeo que choca o Mundo: "já mataram a Al-Shebab", nome dado na região aos terroristas que atacam Cabo Delgado, desde 2017.

Um amigo, que vive em Moçambique, dizia-me, em face da minha revolta, que não acreditava que fossem militares do País. Pois, e caro amigo, eu acredito, por não só o português que eles falavam ser de bom nível mas, e também, porque as palavras deixadas... já reflectem tudo.

Um exército com estes tiques de terrorismo, porque tem atitudes e actos de barbárie, só pode esperar que, e do outro lado, o que eles tentam combater, surjam contra-ataques mais devastadores e, também, selváticos.

Diz-se que um Exército é o espelho de uma Nação.

Este é um péssimo espelho de Moçambique, onde reina a desordem, a corrupção, a fome, a miséria e não existe um Plano para o futuro.

Este é um exemplo de como as Forças Armadas de um País podem inquinar tudo, dado que não promovem a inclusão social - denominador importante no domínio da chamada psico e da integração do povo do lado da Nação - e são o enxovalho da sua própria imagem e de Moçambique.

Foi mais que um acto bárbaro. Foi uma crueldade perpetrada por militares cobardes e sem figura de pertencerem a um corpo que deve pugnar pela disciplina, por saber respeitar a vida de quem se mostra indefeso e com a máxima de proteger populações que procuram fugir da miséria humana e da guerra...

Este caso nunca vai ter responsáveis, porque a mulher abatida é uma simples desconhecida. Uma cidadã moçambicana, das muitas, a quem o País nunca prestou assistência, nunca manifestou apoios para a sobrevivência e nunca quis cuidar da sua educação nem da sua vida.

Morreu como quem mata uma peça da chamada fauna bravia, mas aos tiros - dezenas - de metralhadoras que davam e sobravam para aniquilar um bando de terroristas que têm, espalhado o medo e o desespero nas gentes humildes da Província de Cabo Delgado

Um País, com uma tropa desta estirpe, não está capaz de se defender nem conseguirá rechaçar os tais grupos de apoiantes do Islão que espalham horrores...

Quem semeia ventos... 

António Barreiros