MOÇAMBIQUE: GRITOS DE DOR

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A Rádio Renascença, sempre atenta aos mais indefesos e aos abandonados, na linha do Evangelho de Cristo, denunciou, 2 dias atrás, nos seus blocos de notícias, as atrocidades, a matança e a miséria humana que ecoa na Província de Cabo Delgado, em Moçambique.

Fica o relato:

“Não posso calar mais este grito de dor e indignação com a forma vil e cruel com que os nossos irmãos desta região estão a ser despejados de suas próprias terras, despojados de tudo, mesmo do dom mais precioso que a vida é”, desabafa a Irmã Blanca Nubia Zapata Castaño, religiosa da Congregação das Carmelitas Teresas de São José, na sua página de Facebook.

A Carmelita escreve que o povo de Cabo Delgado, em Moçambique, sofre há três anos, sem que se vislumbre uma solução para o conflito, e dá conta de pessoas a “dormir ao relento, escondendo-se entre arbustos, sofrendo de fome e sede, cheias de medo”.

“São três anos a ver como um conflito, que surgiu apenas em uma aldeia pequena e que parecia ser apenas um assunto ′tribal’, se foi estendendo impunemente perante a passividade e indiferença, daqueles que têm a obrigação de salvaguardar e proteger o povo”, denuncia a religiosa.

“Uma densa sombra de morte espalhou-se por todo lugar, deixando à sua passagem milhares de mortos, assassinados selvaticamente sem que entendamos porquê”, lamenta a religiosa, dando conta que são “incontáveis desaparecidos e sequestrados, mais de 400.000 deslocados na cidade de Pemba e nos distritos e províncias vizinhas”.

A religiosa carmelita assume esta partilha e testemunho como um “grito” de revolta e questiona “onde estão os defensores dos direitos humanos? Onde estão os organismos internacionais cuja política é zelar pelo respeito e dignidade de todos os povos?”.

“Onde estão as vontades políticas dominantes que têm o poder de acabar com o massacre inexplicável, de um povo inocente, que tem a má sorte de ter nascido em cima de uma das maiores reservas de gás e sentar-se todos os dias em cima de grandes pedreiras de pedras preciosas, ouro, grafite...”, completa a religiosa carmelita.

Que vergonha é esta, a do nosso Mundo de hoje que não acode aos que a guerra escraviza e flagela? – pergunto.

António Barreiros