OU UM ACENDER DA LUZ

OU UM ACENDER DA LUZ

Como não poderia deixar de acontecer, as críticas começam dentro da Igreja, onde tantos “aniquilam o conceito de Natureza”.

Na sociedade, onde até se legisla “aniquilando o conceito de natureza”, confundindo falsas igualdades, apela-se a chavões já carcomidos.

Luís Zarolho

 

 

Novo guia da Igreja levanta polémica. “O Vaticano continua na idade das trevas”

Mafalda Ganhão

 

Guia sobre como abordar a sexualidade, um documento orientador para as escolas católicas, alerta para a existência de uma “crise educativa, especialmente no campo da afetividade e da sexualidade” e considera que apagar as diferenças entre homens e mulheres contribui para “aniquilar o conceito de Natureza”

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© Francois Nel/GETTY Expresso

O género não binário é descrito pelo Vaticano como “fictício”, uma construção que omite o facto de “o género sexual de uma pessoa ser um elemento determinante para a identidade do homem ou da mulher”. A descrição consta do guia sobre como abordar a sexualidade, um manual de 31 páginas apresentado esta segunda-feira e destinado à orientação das escolas católicas.

Sob a designação “E criou-os homem e mulher” o documento está, no entanto, a ser recebido com fortes críticas, por ser interpretado como um regresso da Igreja às suas ideias mais conservadoras.

Elaborado pala Congregação para a Educação Católica, para uso de pais, estudantes, bispos e professores, o guia começa por afirmar que “se está a tornar cada vez mais claro que estamos a enfrentar o que se pode chamar com precisão uma crise educativa, especialmente no campo da afetividade e da sexualidade”.

Noutra passagem é defendida a ideia de que apagar as diferenças entre homens e mulheres, ajuda, “sem dúvida, a desestabilizar a família como instituição”, além de “aniquilar o conceito de Natureza”.

As reações não se fizeram esperar. Depois de em 2016, o Papa Francisco ter dito que a Igreja devia às pessoas LGBT uma desculpa por condenar historicamente a homossexualidade, as novas orientações são consideradas um passo atrás.

A New Ways Ministry, associação nos Estados unidos que representa os católicos LGBTQ, descreveu o guia como “uma ferramenta nociva que será usada para oprimir e causar danos não apenas às pessoas transgénero, mas também a lésbicas, gays e bissexuais”.

“A única verdade que o documento revela é que o Vaticano ainda está mal preparado para falar sobre as questões de género e sexualidade no mundo moderno”, afirmou Francis DeBernardo, diretor executivo da associação, citado pela CNN. “O Vaticano continua na idade das trevas, promovendo um ensinamento baseado em mitos, rumores e mentiras.”