A propósito de tudo que leio e entendo, o que é pouco ou coisa nenhuma!

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Ser militar pressupõe a Guerra e a Ordem! Não é presumível que alguém queira ser militar para exibir alguma autoridade ou para encantar donzelas com fardamentos e galões dourados! Quem presta juramento a uma Bandeira, presta-o à sua Pátria e ao seu território global!

Portugal, à Época, hasteava a sua bandeira nas, então, chamadas Províncias Ultramarinas. Implicitamente, quem por lá nasceu, era Português, quer fosse branco, preto ou mestiço! Até aqui, julgo não haver dúvidas.

É pouco menos que ridículo chamar traidor a quem, na qualidade de Militar, defendeu o solo Pátrio! E a crueldade da Guerra é um dado adquirido. Ou se mata ou se morre ou fica ferido, simplesmente! Alguns, os menos audazes, saem incólumes!

E, depois, vêm com algumas bazófias, como sendo donos duma verdade que nem conhecem.

Quando fiz a instrução militar no C.I.O.E. em Lamego no curso de Oficiais Milicianos, havia mensagens, debaixo do prato das refeições, e uma delas, dirigida aos Católicos e "objectores de consciência", dizia o seguinte: "Quando uma arma mata pela liberdade de viver, os Santos choram mas não acusam". E ,são tantas as vezes em que se sobrepõe o instinto de sobrevivência natural nos homens, para aqueles que como eu, são, convictamente, Ateus.

Quanto à Operação Mar Verde, assalto a Conacry, a 22 de Novembro de 1970, existem, como em todas as operações Militares, duas causas: a causa próxima e as causas remotas.

A causa próxima seria o nosso interesse em acabar com a Guerra rapidamente!

Mas vamos às razões de ser: quem foi atacado, fomos nós! A República Comunista da Guiné-Conacry era um santuário do PAIGC. Como não possuía um Exército organizado e apenas uma "Gendarmerie" tipo Guarda Republicana, entregou-se nas mãos da União Soviética que ,por interposta Organização, PAIGC, fomentava a guerra de guerrilha, fornecendo-lhes equipamento e material de logística, instalações e instrução para que pudessem mover acções de guerra contra as NT na Guiné Bissau! Esta situação durou cerca de 6 anos!

Entravam no nosso território por dois corredores: o corredor de Gadamael e o corredor de Guileje (fronteiras com Conacry!). Guileje foi, durante anos, bombardeada com morteiros, 29 dias por mês, para impedir a saída das NT em missões de detecção e reconhecimento! De tal modo que as instalações militares em Guileje eram, quase totalmente, subterrâneas.

A União Soviética fornecia-lhes, entre outros, os Aviões MIG 15 e 17, lanchas rápidas, as famosas AK.47 os RPG e os morteiros, além de fardamentos de origem Chinesa! Tudo isto com a complacência de Sekou Touré, Presidente da República da Guiné Conacry (Comunista)

Melhor equipados e com muito melhor conhecimento do terreno, tornavam as nossas acções extremamente difíceis. Os nossos comandos eram constituídos por militares milicianos, Alferes ou sargentos, que nunca quiseram a guerra, nem tão pouco serem militares! Raramente os Capitães (esses, sim. militares por opção) saiam em acções de combate, a menos que a envergadura da operação assim o exigisse!

Havia um Movimento - Front de Libération National Guinéen - que não queria o regime Comunista instalado e pretendia executar um Golpe de Estado e arrestar Sekou Touré, mas o seu braço armado era parco e impreparado. Desta conjugação com os nossos interesses, pediu ajuda ao Sr, Marechal, então General, António Sebastião Ribeiro de Spínola, para a formação das sua tropas e sequente ataque a Conacry. Não há nenhum verdadeiro Comandante que queira perder uma Guerra, tanto quanto sei.

Foi dada instrução militar aos guerreiros da FNLG na Ilha de Soga, arquipélago dos Bijagós, por vários instrutores das NT, entre eles, Marcelino da Mata, à data furriel! Depois da demasiado curta formação, foi marcada a data de 22 de Novembro de 1970, para realizar a operação militar, numa acção conjunta entre as Nt e os revoltosos da FNLG.

Havia vários objectivos a atingir, devidamente enquadrados pelas NT. Um dos quadros era Marcelino da Mata.

Falharam dois objectivos: o aeroporto e a Emissora. No Aeroporto, por erro de informação da PIDE, os aviões MIG tinham sido deslocados, uns dias antes para outro Aeródromo e não se encontravam lá! As cassetes com o anúncio da revolução não chegaram à emissora, porque o tenente Januário, encarregado do comando desse assalto, passou-se para o inimigo, não cumprindo a missão! O objectivo seria fazer com que o povo descontente viesse para a Rua aclamar os novos dirigentes! Assim como no 25 de Abril!

Mas a acção não foi um completo fracasso: Foram libertados 26 militares Portugueses que se encontravam em cativeiro do PAIGC e mais 400 prisioneiros Guineenses, Políticos, opositores de Sekou Touré. Morreram 3 militares das NT-um deles o alferes Ferreira, Comando com apenas 3 meses de comissão!

Sekou Touré mandou fuzilar centenas de opositores e também o traidor Januário, tanto quanto sei, porque quem trai uma vez, trai Mais.

Abaixo os traidores e os Papagaios!

Luís Constantino

(Ex-Tenente Miliciano)