CANDIDATOS A BELÉM: NEM ESTRELAS NEM MAGOS…
Quem ganha?
Os candidatos a Belém, à nossa Presidência da República, num Estado que continua a ser semi-presidencialista, como o era faz uns 45 anos, com um simbólico Chefe de Estado, num lugar a fazer de conta, são uma desilusão.
Pensava eu que haveria estrelas a guiar-nos, como a que encaminhou os Reis, os que hoje celebramos.
Pensava eu que haveria Magos a trazer-nos Esperança, porque a magia impulsiona-nos a acreditar.
Nada disso. Eu, um eterno ingénuo e um bom rapaz – digo eu - acredito em Magos…os que se candidatam a um lugar, o da Presidência da República Portuguesa.
O que se recandidata contagiou a maior parte dos outros. Os abraços, as selfies, os beijos e os afectos impressionam o nosso povo que é são e bondoso.
O que se recandidata atrela-se ao regime. Não gosta de ondas. Não aprecia problemas. Marcelo não é homem para conflitos. Não sabe navegar neles. Sabe nadar. Gosta da bonança. Na tempestade, não se coloca nem de um lado nem de outro. Assume a posição de catavento… Nunca foi pessoa, como o pai, Ministro das Corporações e Governador Geral de Moçambique, da antiga senhora, para se posicionar. É mais fácil um “nim”… Agrada a todos. Uma enguia escapa sempre. Os incêndios já lá vão. Quem se lembra das suas palavras? E de Tancos? E do problema dos Bancos? E do caso do SEF? E o, agora, da Ministra da Justiça? Pacificamente, passa-lhe tudo ao lado.
Marisa Matias representa a ultra esquerda em contra oposição ao A. Ventura. Ela não se enfurece, em debate, porque é estratégica; o advogado, cospe cobras e lagartos. Ela até está de acordo com muita coisa de Marcelo. Ele, exalta-se…não tem freio. As pessoas, a maioria, já não correm a palavreado inflamado, como se fosse um dragão a vomitar fogo para queimar, como a Santa Inquisição, quem não está por ele. Pedia-se moderação. Não se apanham, diz o povo e bem, moscas com…
Ana Gomes é uma desbocada, apesar do seu passado de pancadinhas nas costas a Sócrates. Mete tasca no discurso. É o socialismo descrente com o regime, mas alterado na palavra e sem moderação.
João Ferreira é o megafone do comunismo primário da ex-URSS. Toca, vira o disco e volta a dar a mesma letra: a luta dos trabalhadores; os fascistas dos patrões; e o imperialismo americano (só este…). Alguém, no seu juízo perfeito, acredita neste representante comunista que mete medo, em tempos de medos?
Tiago Mayan é um jurista apagado. Não está fadado para a política. Não se pontifica nessas lides, as que exigem golpes, palavras menos sérias, troques, tiques e falta de algum carácter… É a política, meu caro Tiago. Nem todos, como eu, temos jeito para palhaçadas…
O Vitorino Silva, o que já foi Presidente de Junta pelo PS, aparece mais solto, mais dado a humor e mais liberto no discurso, mas falta-lhe o polimento que soube dar a certas calçadas… Cada um no seu lugar. Nem todos temos perfil.
Um punhado de candidatos que não me são chamativos. O regime gosta disso. O presente político deixou de trocar ideias, de as discutir, de as fazer fruir e de as apresentar. Não está para aí virado, porque a coisa corre de feição aos srs. da política que, entre narrativas ocas, palmadinhas nas costas, debates, presenças por aqui e por acolá, lá vão vendendo ao povo o que lhes apetece. A maioria engole; a minoria insurge-se, como eu, nestes textos que são, como na saúde, paliativos para nos fazer acordar…
Tarda o despertador.
António Barreiros
Fotos retirados da net