COM RAÇA E COM CARAÇAS PARA O Vírus

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Em Abril escrevi-te sem selo e sem código postal.

Dirigi assim (com educação e bom trato):

Exmo. Senhor

Covid

Rua dos Vírus, 19 – Laboratórios s/ Refa.

Lugar do Mundo Confinado

Pedia-te para te ires embora e depressa. Nos deixares em paz. Te fazeres a outros lugares estelares… Pira-te daqui, de todos os lugares do Mundo, onde vivíamos sossegados, apenas num ou noutro sítio trespassados por ditadores, por fogueiras económicas e por escravaturas…ainda, e nestes tempos do séc. XXI, pós eras de iluminados, de mais cultura, de melhor educação e de cidadania qb.

Nem me ligaste. É preciso que tenhas lata. É preciso que sejas, mesmo, casmurro. Nem os burros que cirandavam na terra de meu avô, a que já não existe, porque uma barragem a soterrou, eram tão bestas para não acatarem as nossas palavras. Arre burro covid que se faz tarde para partires.

Repenso, agora, que tenha sido, talvez, por falta do tal código, o postal…

Andaste refugiado não sei bem por onde e, num repente, depois das férias, da malta se ter ido banhar a praias e de ter tirado viagens para os interiores deste rectângulo, onde o Vieira recebe pancadinhas nas costas, de um tal de Costa, para branquear a imagem de caloteiro – dizia – e, num repente, reviveste.

Voltas a atacar, em silêncio. Sem te anunciares. A prejudicar-nos. A internar. A matar. A encher camas. A colocar gente, da nossa, em coma. A fazer esticar a corda ao SNS. A estoirar com os profissionais da saúde. És mesmo um sacana.

Sabes: quero que consigam trazer a vacina para te exterminar, de vez.

Um vírus, como tu, não merece a nossa incerteza. Merece a nossa luta, pessoal, civilizacional e humana.

Não temos medo. Isso é o que tu querias para te vingares. Estamos de pedra e cal para te fazer frente. Mas temos que cumprir com as regras, caso contrário vais deitar mais, ainda, abaixo.

Uns vão tombando, mas ficaremos milhões para te ver cair sem glória e sem honra.

Tentarei estar por cá para celebrar a vitória da Vida sobre a Morte. Neste caso, a tua morte e a nossa Vida, a de milhões de nós.

Que o Alto, a luz e a energia da Vida, te julguem para que não voltes a ressuscitar dos mortos.

António Barreiros