DESENVOLVIMENTO DE PORTUGAL

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Portugal não tem muitos motivos para sentir orgulho nem razões para festejar, por isso deve-se aproveitar a onda de entusiasmo da Seleção Portuguesa de Futebol para se pensar no país.


Não fossem os nossos atletas que fazem içar a bandeira de Portugal, ouvir a Portuguesa, por esse mundo fora, nunca viveríamos momentos de enorme alegria e orgulho.


Cada vez são mais os que em várias modalidades desportivas, ultimamente com destaque para a natação, nos têm brindado trazendo medalhas de ouro para Portugal. São poucos os municípios que apoiam de verdade as várias modalidades desportivas. Algumas mesmo totalmente esquecidas e são os pais e encarregados de educação, que arcam com todas as despesas. Só assim e pela força de cada um se iça a bandeira de Portugal e se ouve a cantar a Portuguesa.


Portugal está no Euro 2024 e a Seleção vá onde for, tem sempre multidões à sua espera, os emigrantes portugueses vibram, emocionam-se só de os verem, nas cidades onde habitam.


Por outro lado basta ver o exame de português do 9º ano, para verificarmos o desdém pelos grandes Autores Portugueses. Será incompetência ou esquecimento?


A verdade é que não há um único país que viva de futebol e de medalhas. Como muita coisa mudaria e Portugal levaria outro rumo se este entusiasmo pela prática desportiva, fosse levado para as variadíssimas áreas do desenvolvimento e boas práticas no País.


Por exemplo: em Portugal pagam-se impostos acima da capacidade de compra, o trabalho de meses para benefício do Estado, sem que haja investimento em Portugal.


Se considerarmos os dados da OCDE, provisórios, em relação a 2022, Portugal aparece com uma carga fiscal acima da média destes países. Segundo a OCDE, Portugal teve uma carga fiscal de 36,4% em 2022, quando a média da OCDE foi de 34%. Além disso, ao contrário da média da OCDE a carga fiscal aumentou em 2022 face ao ano anterior (35,3% em 2021). A média da OCDE desceu 0,2 pontos percentuais.
Em Portugal, as contribuições para a segurança social e os impostos indiretos são os que estão acima da média da OCDE.


Também é necessário olhar para a idade da reforma. Cada vez mais longe. Em França foi o barulho que foi porque queriam passar para os 64 anos; em Portugal, para 2025, já vamos nos 66 anos e sete meses.
Nos últimos anos as subidas do salário mínimo, faz lembrar a história do homem que vai montado no burro e leva uma cana com uma cenoura na ponta, por muito que se esforce, o desgraçado do jumento, nunca chega a conseguir apanhar a cenoura. É esse o sentimento da maioria dos portugueses que quando sobem os ordenados afasta-se ainda mais o poder de compra. Mais uns euros nos vencimentos, mas o poder de compra para a maioria, está como a cenoura para o burro.


A realidade é que em 2023, Portugal tem o lugar de 9º país da União Europeia (UE) com o salário mínimo mais baixo, em Paridade de Poder de Compra (PPC), segundo a Pordata.


Por outro lado, e para dificultar a vida de cada português, a balança entre exportação e importação está em desequilíbrio para maior peso das importações. Em termos nominais (que não excluem o efeito da inflação), foram exportados bens no valor de 6.381 milhões de euros em Janeiro. O total de bens importados voltou a ser superior (8.042 milhões). Mesmo reduzindo a balança deficitária, Portugal continua a importar mais do que exportar.


O argumento para a má governação de Portugal baseado nas consequências do Covid-19 e o das guerras, já começam a estar gastos, a não convencer os portugueses. Isto se compararmos com países que têm produções bem planeadas. Parece evidente que sejam os portugueses mais irritados, com as continuadas “más políticas”, que vão engrossando os partidos mais extremistas de Esquerda ou de Direita.


Também não se pode considerar um bom exemplo o da China, pois está muito longe de ser um país com uma produção bem planeada dado o desrespeito pela vida humana, pela sustentabilidade ambiental e pela falta de Democracia. Portugal tem características próprias que devem ser olhados para uma excelente planeamento de gestão para a produção, como: um bom espaço agrícola; uma enorme área piscatória e de grandes fontes ambientais; bastantes desenvolvimentos na ciência e tecnologia sustentáveis e um bom relacionamento com todos os países de expressão portuguesa.


Não há razão para que Portugal tenha que continuar a depender de apoios vindos de Bruxelas e continuar a que os governos continuem a depender da Comunidade Europeia.


Hoje, os jovens têm maior acesso ao ensino superior. Temos mão de obra bem qualificada, que Portugal despreza e deixa emigrar, para benefício de outros países.


A realidade é que não temos, em número suficiente: eletricistas, canalizadores, serralheiros e nem agricultores. Isto deve-se muito ao fenómeno onde a mão- de - obra tem que ser paga a baixo preço onde o trabalho é necessário mas não valorizado.


Normalmente há uma frase que se repete, sem se ter consciência que diz “Portugal tem muitos doutores” porém quem o afirma deseja que os seus filhos e netos sejam doutores. Não havendo real compensação para quem faz trabalho de mão-de-obra. Por outro lado só o conhecimento resolve problemas. Um país com mais doutores (com mais conhecimento académico) é um país mais desenvolvido do que um país com mais gente sem conhecimento - quase analfabetos. A realidade é que a tecnologia já nos permite libertar as pessoas para um maior conhecimento, em vez de focar apenas na sua sobrevivência individual. Lembrando que a dignidade está na pessoa e não no trabalho que desempenha. Nem todos os juízes são pessoas dignas - provando que não é o trabalho que dá dignidade.


O desprezo e deturpação da História, de Portugal e do Mundo, cria igualmente uma discussão que ilude os assuntos verdadeiramente importantes.


Ao fim de 50 anos de Democracia, o 25 de Abril continua por cumprir.
A sede do radicalismo faz perder o bom senso. Porém a esperança não morreu. Deseja-se que o entusiasmo com a Seleção de Futebol contagie outros sectores da nossa Sociedade.

RP