LIVRE POPULISMO

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O intelectual e deputado com assento na Assembleia da República pelo partido Livre, Rui Tavares, considera-se como um combatente contra toda e qualquer forma de populismo acabou a escorregar para um livre discurso populista.

Também é verdade que Rui Tavares escreveu sobre si no site do partido Livre: “Sou historiador, escritor e fui deputado ao Parlamento Europeu entre 2009 e 2014 (...)” e que afirma em redes sociais este importante pensamento: «Uma verdade imorredoira em política é que nunca ninguém que diga de si mesmo “o adulto na sala” será alguma vez considerado o adulto na sala.» Sendo que a palavra ‘imorredoira’ significa imortal e que se considera que a expressão “adulto na sala” significará que não há ninguém que se sobreponha à discussão de todos.

Numa defesa, bastante “intelectual” de que a Esquerda política tem que dar exemplos de seriedade e por isso a sua postura contra a primeira deputada do Livre Joacine Katar Moreira, Rui Tavares sempre se afirmou como um ideólogo de Esquerda que deseja combater contra as formas populistas de se fazer política.

O Ponney lembra que em Maio de 2023 no debate sobre política geral, na Assembleia da República, o deputado do Livre, Rui Tavares, começou por dizer que, "para evitar que o país e a política se transforme num lamaçal", todos têm "um papel a desempenhar" e considerou que no segundo ano de maioria socialista no parlamento "o rolo compressor foi ligado a grande velocidade". O rolo compressor que a Esquerda do Partido Socialista estava, na sua opinião, a desacreditar toda a Esquerda. E por isso o, na altura, Primeiro-ministro António Costa reagiu comparando o populismo a um vírus que se "transmite pela palavra e contamina o vocabulário", dando como exemplo de 'contaminação' o uso pelo deputado Rui Tavares da palavra "lamaçal".

Mas se neste caso o uso de uma palavra mais livre como “lamaçal” já indiciava uma certa “contaminação do vírus populista” que vitimava Rui Tavares, como considerou o ex-Primeiro-ministro António Costa, nas comemorações do 5 de Outubro de 2024 a tal “contaminação” (como tinha dito António Costa) fez alargar a doença do populismo em Rui Tavares.

Desta vez o alvo não foi parte da Esquerda, mais do centro político, deta feita um elemento do PSD e presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas. Tentando colar Carlos Moedas ao extremismo de Direita, também, por citar Luis de Camões e o controle da imigração. Disse Rui Tavares que Camões “morreu na solidão” tendo apenas como pessoa ao lado “que as crónicas da época dizem chamar-se “Jau” (alguém natural da ilha de Java). Este dado é factual e considerado pela História.

Sendo historiador usou de parte dos seus conhecimentos para arma política. Porém quando, Rui Tavares, classificou Jau de ‘imigrante que se tornou cuidador de Camões’ é que passou a mostrar a contaminação do livre populismo na representação do partido Livre.

Sendo historiador e intelectual, Rui Tavares, sabe bem que Jau era escravo de Camões e não um imigrante. Sendo escravo não era ‘cuidador’ mas apenas subjugado ao seu “dono”. Pormenor que faz toda a diferença e que denota que Rui Tavares dobrou a História em função do combate ao opositor político.

Ora como confirmava um dos mais antigos biógrafos de Camões, Pedro de Mariz, (em 1613), ou mais recentemente António Martins Gomes no seu livro «A Bárbora e o Jau: a escravatura em Camões» ou ainda com o conimbricense Frederico Lourenço, fica claro que a figura de Jau, nomeada pelo historiador Rui Tavares, como exemplo de um “imigrante cuidador” de Camões é apenas populismo de forma livre, arbitrária de quem torce a História para defender agendas políticas. Como muitas vezes se reconhece como tique dos ditadores.

O Ponney lembra também que Rui Tavares foi um dos que considerou tirar a confiança política a Joacine Katar Moreira, dentro do partido Livre no dia 31 de Janeiro de 2020. A ex-deputada do Livre acusou os que lhe tiravam a confiança política (onde estava incluído Rui Tavares), de “ mentiras, perseguições e de usar a sua condição de mulher negra para obter subvenções”.

O Livre considerou institucionalmente que : “Não fomos nós que nos divorciamos de Joacine. Foi a deputada que se divorciou de nós logo após as eleições".

No entanto a ex-deputada do Livre denunciou que as Primárias onde foi eleita no Livre foram controladas por Rui Tavares e pela mulher, Marta Loja Neves. Rui Tavares tinha argumentado que «é impossível prever o resultado de um processo no qual participam centenas de pessoas» e fala em "acusações e insinuações graves".

A realidade é que as eleições internas no Livre já não eram só baseadas nas acusações de Joacine Moreira. O polémico processo eleitoral de escolha dos candidatos do Livre às Europeias tinham sido reacendida uma velha questão relacionada com o método das Primárias, em que podiam eleger e ser eleitas pessoas não militantes. Após o resultado da primeira volta, em que não ficou em primeiro lugar Filipa Pinto (candidata que faz parte da direção), a comissão eleitoral anunciou que as regras mudavam para a segunda volta (decisão revertida após queixa do mais votado, Francisco Paupério), no que alguns críticos dentro do Livre apontam como evidências de um sistema de democracia interna com problemas. O que demonstra um certo ambiente para incubar o tal “virus de populismo” dentro do Livre.

A acreditar numa pessoa que é exemplo de uma imigrante, que trabalhou para pagar os seus estudos em Portugal, e que defendia a Esquerda do Livre, como é Joacine Moreira, mas que acusava Rui Tavares de “Avisaram-me do resultado antes das eleições” internas do Livre, provando que, alegadamente, há intenção no erro intelectual de Rui Tavares.

JAG