QUAL O PREÇO DA SUA OPINIÃO?

QUAL O PRECO DA SUA OPINIAO1

 

O Ponney desconhece que esteja a ser formado um qualquer mercado (regional, nacional ou internacional) para comprar opiniões. Mas as verdadeiras opiniões têm um preço que, às vezes, são tão caras que se guardam em lugar íntimo, sem que se façam uso público.

Não se dá a opinião verdadeira no local de trabalho com medo de se perder o emprego. Mesmo que seja mal pago e que a exigência de horas de trabalho sejam roubadas ao tempo pessoal. Com quase metade da população com ordenado muito abaixo da média de salários, é impensável que essas pessoas transmitam a sua verdadeira opinião à entidade empregadora, seja pública ou privada, pois o preço da opinião era demasiado cara e muito provavelmente valia-lhe o desemprego.

O que é um enorme erro por parte das entidades empregadoras não receberem as opiniões sinceras dos seus funcionários, sem a sanção de despedimento, para que a administração pudesse dialogar a melhor maneira de aumentar a rentabilidade das duas partes: empregadores e funcionários. A opinião verdadeira é sempre um dos grandes tesouros de um país.

Também não podemos oferecer a opinião verdadeira a instituições públicas, pois não lhe dão qualquer valor. Ou então dão a habitual resposta: «eu sou apenas uma funcionária, não decido nada. O senhor tem toda a razão, mas são eles que decidem». “Eles” essa entidade abstrata com quem ninguém pode conversar.
Qual o preço da sua verdadeira opinião?

Os filiados nos partidos, de uma maneira muito geral, também não vendem as suas opiniões verdadeiras em troca da sua discussão e da resolução ou correção de uma questão.

Claro que uma opinião é só um ponto de discussão, com ou sem razão, baseada ou não em factos, que deve merecer uma discussão para que se corrija um processo, se mude para outro processo talvez mais justo ou mais eficiente. A opinião verdadeira, franca, deve merecer o “preço” de se iniciar a discussão até pelo respeito da pessoa que opina estar interessada em alterar algo.

Pode-se, em contraposto, considerar-se que nas redes sociais se dizem muitas banalidades e até parvoíces - é o que dizem os entendidos e os entediados. A realidade é que, por razão de serem condicionados com a frase que nos ensinaram: “alguém te perguntou pela tua opinião?” dito em tom de crítica, a maioria das pessoas acaba por abafar a sua verdadeira opinião. Pode até partir de dados errados, mas uma opinião verdadeira é sempre um pretexto para se corrigir um pensamento ou até para dar um pouco de atenção a um de nós que necessita mais de ter alguém que oiça e troque ideias.

O que está a acontecer a Portugal com o resultado das eleições é muito esta maneira errada de as instituições não ouvirem as opiniões verdadeiras das pessoas e darem-lhe espaço para dialogo. Seria mais inteligente ouvirmos os mais velhos, por exemplo. As medidas radicais são como as nossas decisões passionais e resultam, na maioria das vezes, em erro. Perante a baixa de natalidade em Portugal e no aumento de esperança de vida, os governos começaram a tomar a tomar as medidas radicais de se concentrarem apenas no emprego jovem e nos apoios a empresas desenvolvidas por jovens. O que tal como as nossas decisões mais apaixonadas resultam mal.

Vejamos estes dados: segundo o Instituto Nacional de Estatísticas, em 2022, a esperança de vida subiu 19%, ditando um corte de 15,2% nas reformas antecipadas (por via do fator de sustentabilidade). Do mesmo modo, a idade legal da reforma em 2023 e 2024 sobe para 66 anos e 6 meses (muito mais dois do que o esperado).

A verdade é que a idade da reforma calcula-se pela idade em que a maior parte das pessoas morre e é aos 66 anos e 6 meses.

Por outro lado, uma outra realidade infeliz é que a partir dos 36 anos já começa a ser difícil alguém encontrar trabalho remunerado. Quem pensar encontrar emprego com 40 anos é uma “missão impossível”.

O que aumenta o número de pessoas descontentes que têm reflexo nas eleições.

Mas vamos a outros dados preocupantes, desta vez referido aos jovens: apenas metade dos alunos portugueses de 15 anos consegue distinguir entre facto e opinião quando está a navegar na internet, segundo um estudo internacional que mostra que, a nível mundial, a maioria é incapaz de o fazer.

Nos últimos anos aumentou o número de jovens com equipamentos e acesso à internet assim como cresceu a procura de informação através das plataformas digitais, mas a maioria não consegue “distinguir a verdade da mentira” quando está a navegar, revela o relatório “Leitores do séc. XXI: desenvolver competências de leitura num mundo digital”, da OCDE.

“Menos de metade dos jovens não distingue factos de opiniões. Antes, os jovens liam na enciclopédia e sabia-se que o que estava lá escrito era verdade. Agora procuram informação na internet” alertou o diretor da OCDE para a Educação, Andreas Schleider, durante a apresentação do novo relatório do Programme for International Student Assessment (PISA) de 2018, dirigido a estudantes de 15 anos de 79 países e economias.

Apenas 47% de todos os jovens inquiridos conseguiu distinguir um facto de uma opinião. Em Portugal, a percentagem subiu para 50%. Deduz-se as consequências se não se tomarem medidas educativas claras e importantes.

É de facto muito importante o apoio aos jovens para serem contratados ou para criarem empresa são eles que permitem o aumento demográfico e as novas formas de verem (se se der valor às opiniões verdadeiras). O que está muito certo, mas esquecer os seniores é que é um erro político crasso. Claramente as pessoas mais velhas são o equilíbrio para o que é mais factual do que é mais idílico.

As medidas políticas ou começam a encontrar maneira de uma maior empregabilidade sénior e com mais abertura para discussões de opiniões, ou têm um problema tão grave como a fuga de jovens (que agora faz-se sentir numa quebra demográfica) e uma maior dependência da Segurança Social.

Começámos com a importância da opinião verdadeira (a que se exprime mais honestamente ao que se pensa) e terminamos a falar da importância do equilíbrio entre jovens e seniores. Evidentemente que há uma relação muito próxima.

JAG