Trapaças & Ficções – Estamos fodidos!

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Os portugueses andam distraídos como não devem. Os portugueses não
deveriam dever tanto por causa das suas distracções – dizem as entidades
reguladoras, com excepção do que foi dito, na devida altura, a Joe e a
outros de "comanditas" semelhantes. Os portugueses deveriam andar mais
atentos aos motivos porque devem tanto quanto devem – dizem ainda as
entidades reguladoras, como que a fugir-lhes o “tino”. Os portugueses
deveriam ter a noção exacta 

[com exactidão, portanto]

do “deve-e-haver”. Os portugueses deveriam, simplesmente, andar mais
atentos. Se os portugueses repararem, pagam quase tudo o que não são
obrigados a pagar, a propósito de dívidas para as quais não contribuíram –
desde as contraídas por políticos, por banqueiros, por “vigaristas” a eles
ligados, ou por «filhos-da-puta» mesmo daqueles a sério. Dívidas que não
contraíram, salienta-se. Os portugueses não são o povo “teso” e
desregrado que os políticos insistem em tentar fazer parecer que somos,
antes pelo contrário: somos “poupadinhos”, como poucos. Ao contrário dos
políticos: são uns esbanjadores porque estão habituados a que o povo
“honre” o que eles estão acostumados a não “honrar”. Mas é certo que somos
um povo “manso” que teme reclamar, que evita exteriorizar com assertividade
um desagrado, que não esboça um esboço de repúdio pelo que se passa à sua
frente, ou atrás de si, ou a algum dos seus lados (esquerdo ou direito).

Os portugueses são porreiros, pá. Os portugueses sujeitam-se aos
constantes aumentos de impostos para equilibrar as trapaças que não foram
"feitas" por si. Os portugueses emigram se aconselhados por um nosso
primeiro de segunda, pouco argumentando ou reclamando o motivo por que se
foi aconselhado (e quase coagido) a emigrar. 

[Os motivos… Esses…]

Os portugueses aceitam ordenados pornográficos como se não houvesse
alternativa à pornografia salarial. Os portugueses aceitam que todos “metam
água”, sem rezingarem. Tudo pacífico. Tudo atlântico. Tudo índico. Tudo
mediterrânico. Tudo magnificentemente oceânico. Mas os portugueses andam
atentos a todos os salários e a todos os prémios de "(in)produtividade" que
a "governança" e os queridos da "governança" auferem, e que envergonham a
finança, pública ou privada... Porque somos NÓS que pagamos tudo.
Indevidamente. Inexplicavelmente. Sem pudores por parte de quem "governa".

Os portugueses vivem um viver do género «Está-se bem, meu, deixa-me em paz
& amor, pá: nós temos azeite puro de oliva e vinho puro de vide!» E temos
uma caixa torácica do “catano” que tudo «encaixa»! Até o que não é
aconselhável encaixar. E temos laranjas doces do Algarve que são oriundas
de Espanha (e azedas). E caracóis de Marrocos que não são tão saborosos
como os nossos. E vespas asiáticas que são umas taradas porque passam a
vida a foder o “juízo” às palmeiras e às "outras". E milhões e milhões de
superfícies (áreas) que têm de arder para se “libertar o negócio”, por
causa daquele "minério" que é importante para as tecnologias e que existe
às resmas nos nossos solos que se vão “incendiando” e desertificando como
se não percebêssemos que tudo anda “minado” mesmo sem minas! 

Os portugueses andam distraídos – é a minha convicção – porque não lhes
apetece andar sem andarem distraídos. Andam "acomodados". Andam sem
apetites de trincarem quem devem trincar. Sem ferrar os dentes a uns
quantos que há muito merecem uma ferradela profunda e dolorosa.

[Os portugueses andam sem apetite. E sem vontade de “afiambrar” nas
diversas “máfias” que os mafiam, por acomodamento e por “cagufa”! Essa é
que é essa…]

Os portugueses andam saturados de ouvirem dizer que os subsídios de doença
custam ao estado, quando são aos próprios cidadãos que custam os parcos
subsídios de doença!… E etecetera - ninguém está doente porque quer ou
então os médicos-de-família não são médicos não são nada e os peritos dos
serviços de verificação de incapacidade temporária não são peritos não são
nada. E tantas e tantas coisas que os portugueses sabem e não querem saber 

(E dizer]

porque é o próprio estado (do sítio) a mandar mafiar os “comportamentos”
dos seus "serviços", tentando iludir quem anda fartinho de ser iludido e
por isso não anda assim tão distraído como os políticos pensam. Porque o
Estado (do sítio) tem de ir buscar receitas para as suas despesas e os seus
orçamentos prévios incompreensíveis e irresponsáveis e não **exequíveis**…

Portugal está a ficar um lugar demasiado fodido. E o pior é que quem mais
anda a foder o lugar 

[e a população e a reputação do lugar e da população]

são os próprios representantes democraticamente eleitos pelo povo e os
seus comparsas, como se “todos” fôssemos obrigados a ser fodidos sem
contestação. Como o comprovam as comissões de inquérito no Parlamento
quando é necessário esclarecer desconfianças: nunca ninguém sabe de nada,
nunca ninguém conversou com alguém, nunca ninguém foi informado, nunca
ninguém é responsável por algo! E os portugueses… sempre os portugueses a
serem obrigados a pagar os custos sem que tenham sido responsáveis pelas
"irresponsabilidades".

Se isto continuar a continuar a ser assim, fodido como isto está a ser,
penso que será muito difícil voltarem a colocar-se os portugueses de pé –
por muito bom feitio que os portugueses tenham. E, depois, não se admirem
com reacções “violentas” a “fodas-mal-dadas” – os portugueses, na sua
maioria, não admitem ser “infectados”!

Quanto ao «vernáculo» aqui nesta crónica “satírica” utilizado, peço
desculpa por qualquer “coisita”. Mas sejamos sinceros: há «vernáculo» mais
subtil e “rosqueiro” do que aquele com que os governantes nos andam a
mimosear, há anos e anos e anos e anos, sempre a fazer de nós “pategos”?

[Feliz Santinhos Populares para todos, sim? – E estejam atentos: vêm por
aí eleições…]

© Jorge Sá

(Jorge Sá não respeita o AO90)

(Imagem retirada da net)