TSUNAMI VIRAL

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        Dias e tempos difíceis que vivemos. Para uns será mais complicado do que para outros. Mas são tempos difíceis e duros. Jamais alguém imaginaria, que um dia, em pleno século XXI, o Mundo fosse atingido por uma vaga viral. Vaga, não! TSUNAMI.

       Tsunami é, segundo o dicionário da Língua Portuguesa, uma: «alteração da superfície do mar, com altura elevada e poder destrutivo na costa, provocada por um sismo, por uma erupção vulcânica ou por um desmoronamento submarino». Diria que é isto, que neste momento vivemos, dia após dia, nesta pandemia, face ao aumento de contágios e mortes.

       Faço questão de saber, todos os dias o número de contágios e de pessoas que morreram. Muitos pensarão que é loucura ou insanidade. Mas não. Faço-o por uma questão de Respeito e de Dor. Faço questão de saber o número galopante de casos diários, para ter consciência de que ainda não faço parte dessa estatística, porque tenho que continuar a proteger-me e a proteger quem mais próximo está de mim e depende de mim – a família, amigos e todos aqueles que amo e trago no coração.

       Para ter consciência de que aqueles que forem infectados pelo vírus, possam ter alguém que lhes estenda a mão e os ajude, naquilo que necessitarem no período que estiverem confinados.

       Para ter consciência que há pessoas – Profissionais de Saúde – que estão afastados das suas famílias e estão a fazer tudo para ajudar todos aqueles que estão gravemente doentes; e, por causa desta doença, trabalham exaustivamente para que não tenham que ‘escolher’ quem salvar, como já aconteceu noutros países. E isso DÓI. Ter que escolher entre quem se trata e não, é uma decisão muitíssimo dura.

       Para ter consciência que há muitas pessoas, mais idosos e mais novos, que estão sozinhos e essa solidão começa a pesar, pois acham que foram abandonados; que têm receio de sair de casa; outros tentam levar a vida em diante, no meio de dificuldades muitas vezes escondidas, mas que estão em sofrimento profundo e, isso DÓI.

       Faço questão de saber o número de vítimas mortais, porque apesar da morte fazer parte do percurso da vida humana, ser o final da nossa ‘breve’ passagem neste mundo, e ser um momento de dor, neste tempo pandémico, é mais doloroso. Muitos dirão que há pessoas que morrem de outras doenças, sim é verdade. Mas, independentemente disso, a vivência da morte, neste contexto, é muito mais dolorosa, porque falta algo de muito importante nesse momento: a presença do outro que nos é próximo e um Abraço. E as famílias que passam por esta experiência, é terrível. Não há palavras para descrever estes últimos momentos daqueles que partem. É uma vivência sem conforto, porque não se pode receber afectos de pessoas queridas. Fica um vazio impossível de ser preenchido. E, essa realidade é duríssima.

       Vejo diariamente os números daqueles que partem, para ter consciência de que essa realidade, um dia pode bater à minha porta e, ninguém está preparado para lidar com este drama e realidade brutalmente dura. Aos que partem na maior das solidões e sem possibilidade de despedidas, confio-os a Maria Santíssima e a Jesus, que os acolha junto de Si e que fortaleça aqueles que ainda não terminaram a sua missão na terra.

       Este Tsunami que se abateu sobre nós e o mundo inteiro, para além da reviravolta que trouxe à vida de todas as pessoas, veio mostrar o quão frágil e vulnerável nós somos…, mas mesmo assim, muitos continuam a desvalorizar o quão letal é este vírus. Respeito a sua opinião.

       Aos que fecharam os olhos para a eternidade, faço uma vénia profunda pelo seu contributo e pela sua existência para um mundo melhor. Aos que ficam, faço-lhes também uma vénia profunda pelo Dom de vida que são para cada um, independentemente, do sítio em que se encontrem; porque apesar dos muitos tsunamis que possamos vivenciar ao longo da vida, ela mostra sempre o melhor de nós. Depois de invernos rigorosos, a primavera e toda a sua beleza surgirá; depois da tempestade, virá a bonança.

       Por muito difícil que sejam estes tempos que se avizinham e por muitas lágrimas que se derramem, visíveis ou invisíveis, novos tempos virão; e, são esses tempos que quero viver, porque quero estar na companhia da família sem receios, dos amigos sem distanciamento. Abraçar todos aqueles que amo!

 E tu? Vais querer voltar a dar um ABRAÇO?

Cidália Santos