VOZ CORAJOSA NO DIA DE CAMÕES

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O ex-bombeiro voluntário de Castanheira de Pera, Rui Rosinha, foi convidado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para discursar nas celebrações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, este ano centradas em Pedrogão Grande.

Porém o discurso deste ex-bombeiro, que para salvar pessoas, cercadas pelas chamas, acabou por sofrer queimaduras graves no corpo e com incapacidade motora nos fogos de 17 de Junho de 2017, deveriam deixar envergonhados ex-governantes, que são agora oposição, Presidente da República e outros políticos ausentes.

O ex-bombeiro voluntário da corporação de Castanheira de Pera colocou o dedo na ferida e denunciou “as medidas no papel” que foram prometidas depois dos incêndios florestais e nunca foram concretizadas no território. «O caminho tem sido muito difícil, porque foi prometido muito e chegou muito pouco ao território». Lembrando que as regiões afetadas pelo incêndio, que vai fazer sete anos na próxima segunda feira dia 17 de Junho, afetando Pedrogão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos continuam abandonadas e sem apoio às vítimas daquela região.

Rui Rosinha denunciou, no seu discurso, que «a tragédia expôs as vulnerabilidades da região pelos imensos problemas estruturantes» contando casos concretos que ainda continuam por resolver. Disse no seu discurso que deveria envergonhar os políticos que tiveram poder para tomar medidas, mas não o fizeram. Incluindo o próprio Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

«Se necessitar de ir com o meu filho ao médico à noite, não tenho resposta neste Concelho nem nos outros que nos rodeiam» continuando a enumerar as várias falhas estruturais: «O IC8 continua uma via perigosa com muitos acidentes mortais. As comunicações são muitos más havendo muitas “zonas sombra” (sem possibilidade de rede) e que foi um dos graves problemas na tragédia dos incêndios, mas que continua sem resolução deste grave problema».

Continuou « as nossas gentes são resilientes, mas têm que ser dadas condições para que todas as pessoas possam viver com dignidade em todo o território de Portugal».

A realidade é que o interior de Portugal vai continuar a ser votado ao abandono pelos políticos com poder, pois nas campanhas apenas contam a grande Lisboa e o grande Porto pela sua densidade populacional. O interior semi-abandonado, onde Coimbra está incluída se os conimbricenses continuarem a olhar para o lado, vai continuar a ser esquecido pelo governo de Lisboa, independentemente do partido mais votado.

No final do discurso deste ex-bombeiro, diga-se em abono da verdade, porque os políticos eleitos regressam a Lisboa e o interior despovoado e sem investimentos continua, e continuará, longe das medidas governamentais que dão prioridade às regiões que os elegem.

Comemorou-se o 25 de Abril, o 25 de Novembro, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, mas o interior de Portugal continua abandonado à sua sorte. Se houver uma tragédia idêntica o desespero das populações irá continuar, sendo aproveitada a tragédia para auto enaltecimento dos que centram as medidas políticas nas duas grandes áreas metropolitanas de Portugal e nada mais.

O Ponney considera importante que haja mais vozes corajosas como a de Rui Rosinha.

JAG