De Uma Entrevista
Extratos da entrevista de Alexandra Amaral a José, o dispensador de gel prognata.
AM: Então, senhor Zé, deixe-me ver se entendo: o senhor passa os dias a servir pessoas nuas, certo?
J: Bom dia, dona senhora repórter isenta e objectiva. Pode dize-lo dessa forma, mas limito-me a cumprir o meu trabalho de uma forma competente.
AM: Mas nega que fica com esses seus olhinhos a observar quem se banha à sua frente?!
J: senhora dona repórter; acredite no que lhe digo: o pior fotoshop é o da imaginação. À minha frente passa-me a flácida realidade.
AM: Se a sua atitude é assim tãaaaao neutra, como justifica que invariavelmente lhe golpeiem esse, e arrisco-me a acrescentar túrgido, queixo?
J: dona senhora Alexandra: creio que me agridem porque gostam de mim. Mas posso dizer-lhe que há alturas que sinto os golpes como carinhosas manifestações de afeto
AM: Para acabar: o que tem a dizer do trabalho de investigação jornalística que descobriu que está a ser apoiado pela P&G e que seus olhinhos são assim por terem instaladas camearas de vigilância do SIS?
J: dona repórter Amaral: no dia que precisar de uma esfrega cutânea relaxante, passe por aqui...
Francisco José Dias Lopes