Passado
Estou a pensar na Susana e na Ana, irmãs de minha mocidade. No Jaimito, moço enfezado e no Paulo ganzado. Na Carla Sofia dos canaviais.
Todos em parte incerta, num dejá vu mimetizado para a vida real, da voz do Gilmour, longínqua, à procura de Vera.
Possivelmente, já não existem, tendo sido engolidos pelas agruras de casamentos difíceis, filhos problemáticos ou tendo mudado de cor devido à exposição prolongada à núvem tóxica dos transportes públicos.
Um dia, se pudesse, gostaria de os rever.
E, tenho a certeza, todos concordariam: valho hoje duas vezes o que valia.
Quanto mais não seja, em quilos.
Francisco José Dias Lopes