“PECADO DO CAPITAL” OU “CAPITAL SALVAÇÃO”?

“PECADO DO CAPITAL” OU “CAPITAL SALVAÇÃO” ?

O dia-a-dia do Vaticano, em termos financeiros, são iguais a qualquer grande empresa internacional: há despesas a pagar, salários a honrar, gestão complexa a ser controlada.

A Cúria Romana tem mais de 2672 funcionários, obras de manutenção, obras a lançar e “filiais”, ou dioceses, que na sua maioria são incapazes de sobreviver sem o auxilio de Roma - são despesas que, por exemplo, a Coca - Cola não tem.
Manter o que não consegue ser auto-suficientes não é prática usual de uma gestão equilibrada feita por uma qualquer empresa internacional.

Toda esta organização tem custos incalculáveis e foi por isso que foi criado depois da segunda guerra mundial o Instituto para as Obras de Religião (Istituto per le Opere di Religione - em italiano) e é conhecido como o “Banco do Vaticano” que aceita depósitos, transferências, negoceia na bolsa e concretiza investimentos sem constrangimentos morais.

O site de Vatican News revela pelo próprio presidente do Instituto, Jean-Baptiste de Franssu, que os dados financeiros de 2020 são estes:

« - 5,0 biliões de euros em depósitos de clientes, dos quais 3,3 biliões de euros referem-se à gestão de ativos e custódia de títulos;
- 36,4 milhões de euros em lucro líquido, resultado do processo de investimento baseado em risco consistente com a ética católica aplicada à gestão de seus ativos;
- 645,9 milhões de euros é o valor do património em 31 de dezembro de 2020, líquidos da distribuição de lucros e considerando a alocação para a reserva de capital decidida pela Comissão Cardinalícia".

Apesar das chorudas indemnizações que o Vaticano pagou, e continua a pagar, às vítimas dos escândalos por pedofilia por todo o mundo; apesar da crise, no início dos anos 80, o Banco Ambrosiano, que tinha o “Banco do Vaticano” como um de seus acionistas, em 1982.

O Instituto para as Obras de Religião (chamado “Banco do Vaticano”) conseguiu controlar o desastre financeiro, mas talvez não tenha conseguido recuperar o desastre que trouxeram os pecados.

Em nota de apontamento o caso do Banco Ambrosiano e “Banco do Vaticano” acabou por ganhar contornos dramáticos com a morte - muitos dizem assassinato - de Roberto Calvi, presidente do Ambrosiano, encontrado enforcado sob uma ponte em Londres e com os bolsos cheios de notas de vários países.

A situação escandalosa que envolveu lavagem de dinheiro e fraudes entre o Banco Ambrosiano, na pessoa do seu diretor Roberto Calvi, e o “Banco do Vaticano”. Pois abriam sucursais do Banco Ambrosiano em paraísos fiscais e criavam empresas fantasma que pediam empréstimos fazendo circular o dinheiro à margem do controle das autoridades. No entanto, essas empresas fantasmas tinham sempre como donos ou o banco Ambrosiano ou o Vaticano e a proveniência do dinheiro era de milionários desejosos de não pagar impostos ou de economia paralela, muito provavelmente de organizações criminosas e daí as suspeitas de assassinato.

As epístolas de São Paulo - Timóteo 6:9-11 - devem ser lidas com mais atenção pelo Vaticano. Pois recomenda que se afaste do segundo pecado capital:
«Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram com muitos sofrimentos. Você, porém, homem de Deus, fuja de tudo isso e busque a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança e a mansidão.»

Também necessita de reflexão a importancia do Vaticano no apoio social pelo mundo. Embora sem números claros há um forte aumento de católicos no continente Africano e no continente Asiático devido à carência de apoios na Educação, Saúde e Apoio Social.


O Vatican News refere: « Os dados divulgados pelo Escritório Central de Estatísticas da Igreja, que realizou a redação do Anuário Pontifício 2020 e do Annuarium Statisticum Eccleasiae 2018, mostram um aumento da incidência da ação pastoral na África e na Ásia durante os primeiros cinco anos do Pontificado do Papa Francisco.»

JAF