SOBREVIVÊNCIA E PREPARAÇÃO

Nas cidades, a comida torna-se escassa num pestanejar e em breve teremos de nos virar para os camponeses para nos reabastecer. De um momento para o outro, com uma procura desenfreada, o valor dos alimentos irá disparar. Sem energia e água, sem postos de trabalho a funcionarem, sem receber ordenados, mais tarde ou mais cedo formar-se-ão grupos para fazer saques a estes fornecedores, principalmente os com propriedades mais próximas. Situações de crime comunitário serão cometidos e não haverá qualquer punição por parte das autoridades que estarão enfraquecidas devido à corrente situação.

Mesmo que estejamos bem preparados, mesmo que tenhamos um pequeno quintal onde possamos ter várias culturas, deverá ser sempre importante manter estas reservas em segredo de forma a não nos tornarmos um alvo para os saqueadores e desse modo podermos prolongar a própria vida e a dos nossos.

A longo prazo, os agricultores farão algum tipo de acordo para que, ao fornecerem alguns dos seus bens, terem também proteção para evitar que outros de outras áreas lhes façam saques e acabem todos por perder as vidas, seja nos ataques ou, a longo prazo, por falta generalizada de comida.

Em último recurso, o canibalismo será uma forma de garantir mais algum tempo de vida e depois, pouco ou nada restará. Há conhecimento de que estes atos aconteceram na Coreia do Norte há relativamente pouco tempo e na história humana, mesmo na dos séculos 19/20, há “milhentos” relatos de acontecimentos destes, especialmente em zonas de guerra prolongada.

Higiene
Sem higiene, há doenças. As pessoas ficam doentes apenas por não haver formas de se lavarem, cortarem os cabelos e as unhas, lavarem as roupas, etc. Para além do cheiro característico, o corpo atrai insetos que podem causar vários tipos de doenças e dessa forma originar ainda mais problemas aos serviços de saúde que já por si estão enfraquecidos com falta de pessoal e material.

O crescimento exponencial de insetos e roedores devido ao acumular de pessoas mortas e abandonadas em suas casas ou nos campos, também contribui para o mal geral. Os riscos de doenças que em situações normais estão erradicadas, podem a qualquer momento surgir. Algo como a cólera ou a gripe, podem agora ser simples causas de morte.

O facto de não haver água corrente para limpar feridas de algum incidente leva as pessoas a usar simples panos para proteção do ferimento e nem sempre se sabe se este está limpo ou não, levando à possibilidade de criar ainda mais problemas à reparação do ferimento.

Doenças várias, a maioria devido à fraca nutrição, levará à morte de muitos que, sem quem tome conta dos seus corpos, ficarão abandonados no sítio onde caírem.

Isto implica que a higiene não trata apenas de lavar o corpo, mas também de tratar de tudo o que está à nossa volta. Para além disso, apenas o facto de se estar limpo, eleva a nossa autoestima, o que nos faz tentar criar condições para nos mantermos vivos e operacionais.

Aqui existe também a necessidade extrema da purificação da água. Facilmente podemos tomar banho numa água recolhida de um qualquer leito, mas para beber é necessário um tratamento mínimo. Purga-la de resíduos sólidos com um pano ou filtro, se houver disponível, e depois, e sempre, ferver antes de consumir.

José Ligeiro