SOBREVIVÊNCIA E PREPARAÇÃO - A IMPORTÂNCIA DE UMA LATRINA

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Numa situação de emergência, para além de nos termos de preocupar em arranjar abrigo, comida e água e um lugar seguro para permanecer, temos também de saber onde vamos fazer as nossas necessidades fisiológicas.

Quantas vezes fomos ou tomamos conhecimento sobre alguém que foi atingido por fezes de pássaro? Ao princípio, pode parecer divertido, talvez nos possamos rir da situação que nos aconteceu ou sucedeu a outro, mas na verdade, não é assim tão humorístico.

O comum dos animais não tem de pensar onde vai fazer as suas necessidades fisiológicas, pois estas servem para marcar o seu território e desse modo, afastar a concorrência, revelando que poderá haver luta se houver invasão territorial.

Nós, os humanos, com o desenvolvimento cultural e o respeito pelo próximo, procuramos esconder mais aquilo que consideramos necessário, mas desnecessariamente exibível. Desta forma, criamos as “casas de banho”, que são apenas partilhadas com quem desejamos e não ao estilo romano, com todos a entrarem no local sem contenção ou pudor. Mesmo assim, há pessoas que não gostam de partilhar este espaço de uma forma liberal e isto deve-se a muitos fatores, principalmente psicológicos.

Em campo, há regras que devem ser observadas e respeitadas, quanto mais não seja, para nos proteger. Assim, a criação e utilização de uma latrina, especialmente se não houver outra forma de a fazer, tem regulamentos próprios.

Então, como se prepara uma latrina no campo de forma eficiente e segura?

No que diz respeito a urinar, pelo menos para nós homens, basta colocarmo-nos entre uma árvore e o campo de visão de outros e deixar correr. As senhoras requerem outro tipo de privacidade e por isso, tem de se construir algo com mais requinte.

Se o acampamento for para durar algum tempo, mas não de forma permanente, podemos fazer deste modo. O primeiro passo é estar longe de uma qualquer corrente de água, pelo menos 50 metros. Depois, ter uma noção de que o terreno é mais ou menos plano e por fim, cavar um buraco com cerca de 60/70cm de profundidade e 90cm a um metro de comprimento e o tamanho de um pé de largo.

Havendo uma lona, podemos fazer uma espécie de círculo em volta do buraco de forma a tapar a vista a qualquer mirone mais desrespeitoso ou até de qualquer animal que esteja na proximidade.

Depois de fazer o que temos de fazer, tapamos os dejetos com um pouco de terra e, de preferência, queimamos o papel ou toalha com que nos limpamos, pois este, na maior parte dos casos, não é biodegradável.

Um dos aditivos que podemos incorporar para maior conforto, é um acento. Um par de paus cruzados, seguros por uma corda bem apertada e depois apoiados no chão, colocando outro pau mais grosso por cima da cruz feita, e já está, um banco de apoio.

Se for uma emergência física enquanto nos deslocamos, devemos manter a distância de qualquer fonte de água, cavar um buraco com cerca de um palmo de profundidade com uma colher ou, se houver, uma pá. Seguidamente, tapar tudo e sinalizar o local com uma pedra ou ramo de forma que outra pessoa não vá desenterrar a situação sem saber. Por norma, procura-se as “traseiras” de uma árvore ou qualquer outro obstáculo que não permita a visão a observadores desrespeitosos.

Nestes casos, a profundidade a que enterramos os dejetos é importante. A massa orgânica que libertamos contém bactérias e temos de nos preocupar com o facto de haver um qualquer animal que a vá comer.

Imagine que daí a alguns dias, caçamos este animal. Como será a nossa reação ao descobrir que este está doente ou ainda com bocados daquela massa no trato alimentar? Para evitar esta desilusão, e um bom naco de carne que poderia ser o nosso alimento naquele dia, devemos ter um pouco de bom senso e precavermo-nos. Não podemos pensar que sobrevivemos à emergência até ali e depois somos confrontados com um problema de saúde porque nós, ou outros, decidimos desleixar nos preparos de algo tão simples.

No que diz respeito aos produtos de higiene femininos ou até toalhetes humedecidos, como homem, apenas posso recomendar que, se não se puder queimar, devam ser colocados num saco opaco e levados para um contentor do lixo assim que houver um disponível.

Por outro lado, o uso de um contentor com água que possa esguichar este líquido, pode ser uma boa forma de fazer a limpeza após o ato feito. Um cantil em silicone seria o ideal. A água utilizada deverá ser sempre potável e nunca apanhada de uma corrente sem tratamento prévio, pois sem este, com as bactérias naturais que tem, pode causar qualquer tipo de infeção nas zonas privadas.

José Ligeiro