SOBREVIVÊNCIA E PREPARAÇÃO XXV

SOBREV18

 

Esta semana vou ser um pouco mais drástico, apenas para acordar os mais incrédulos.
Criei uma situação fictícia que pode dar alguma ideia do que poderia acontecer se ocorresse uma catástrofe mundial, seja esta causada a por mãos humanas ou de origem natural.
Está em causa a possibilidade de uma guerra nuclear, já que o que está a acontecer no momento aponta para uma tal hipótese e também a queda de um largo meteoro que não foi descoberto a tempo de evitar males maiores.

Mesmo no nosso pacato país, existe um código para recolher e proteger cidadãos considerados úteis à sociedade que não inclui o Manuel carpinteiro, José canalizador ou o Antonio pedreiro e afins. Perante isto, resta-nos ser o mais autónomos possível e sobreviver na superfície, pois os “importantes” estarão em bunkers a rir-se e a beber champagne.

O acontecimento está a decorrer e os que sobreviveram à primeira semana tem agora um monte de preocupações acrescidas: Campos de refugiados, onde se tem de cumprir as regras que nem sempre nos são favoráveis ou ir viver isolado no “mato”.

Os campos de refugiados serão maioritariamente controlados por militares habituados a uma disciplina de obediência cega e sem questionar as consequências. As entradas serão controladas e os nomes dos “inquilinos” serão apontados. Os cidadãos apenas entrarão se trouxerem algum tipo de documentação de si e familiares. Todos os restantes terão de esperar no exterior e mais uma vez se criará a confusão com tentativas de entrada à força ou evitar que pessoas documentadas possam ingressar sem impedimentos.

Certamente que continuará a haver pessoas a viver fora dos campos de refugiados. Uns perdidos nos montes e matos e outros ainda em zonas residenciais, tentando apoderar-se dos variados valores deixados pelos habitantes legais das casas que conseguem abrir à força. Tudo isto na esperança de poder obter algo que possam trocar por bens que os mantenha vivos por mais um dia.

Em pouco tempo, a comida e água potável começará a escassear em todo o lado. Na falta da distribuição normal, devido à carência de produção e transportes, situações de conflitos variados começam a acontecer.

Os militares, também estes com família, começarão a abandonar os seus postos e a deixar os seus habitantes locais à sua mercê. O mais certo é que estes campos se tornem áreas de sofrimento variado devido às imposições de novas leis criadas por aqueles que irão usurpar o comando da situação. Apresentam-se como salvadores e pouco depois, mostram-se como realmente são.

Aqueles que adquiriram conhecimento sobre como sobreviver em situações caóticas, terão a hipótese de demonstrar tudo aquilo que aprenderam e que, apesar das circunstâncias, poderão exibir um sorriso nos lábios, sabendo que viverão mais tempo que os restantes, pelo menos em teoria.

Devido à situação, todos aqueles conhecedores que foram forçados a abandonar as suas casas, mas que tinham propriedades onde habitar, mesmo estando numa situação de sobrevivência extrema, terão grandes hipóteses de viver sem tempo limite. Os outros que tiveram de fugir para o local mais longínquo possível do epicentro do evento, embora com conhecimento, terão mais trabalho, pois tem de se manter vivos e lúcidos por todos aqueles que os acompanham.

Estes, para além das várias pernoitas pelo caminho, terão de procurar um local para ficarem de forma mais permanente, especialmente onde haja um leito de água na proximidade. A preferência será para uma zona plana, sem enchentes ou efeitos de marés.

Para estes e familiares, ou outros que os acompanham, independentemente da idade, o mais importante será sempre um abrigo, seja em forma de tenda ou lona, ter uma forma de fazer fogo e comer para a viagem ou forma e conhecimento de o apanhar da natureza.

Independentemente disso, para qualquer situação, deve-se ter sempre uma mochila preparada para todos os membros da família com um de vários tipos de abrigo, pelo menos uma forma de fazer fogo, um mínimo de 2 l de água e comer de emergência até 72 horas.

Normalmente, por todas as incertezas ligadas aos acontecimentos e aos parâmetros sociais, não se pensa em levar sementes, imprescindíveis para uma possibilidade de alimento futuro a longo prazo, mas é algo a ponderar.

Se uma família de pelo menos três elementos tiver de abandonar a sua casa, mesmo que o evento não os afete diretamente, mais tarde ou mais cedo, a consequência do mesmo iria fazê-los sair. Sem carro, teriam de carregar tudo o que lhes fosse humanamente possível.

Desta forma, dois adultos e uma criança levariam apenas um máximo até 45kg de carga às costas, embora os adultos pudessem carregar algo mais nas mãos. As mochilas devem estar prontas e antecipadamente carregadas com algumas ferramentas, filtros de água, vasilhames variados para líquidos, alguma comida de emergência, cordame, equipamento de orientação e de corte.

O resto, é uma questão de sorte, pois esta é pelo menos 40% da possibilidade de sobrevivência, sendo o resto o conhecimento adquirido.

José Ligeiro