7.930 CASAS QUE NEM SE ALUGAM NEM SE VENDEM
O Concelho de Coimbra foi mais uma vez motivo de notícia nacional. Desta vez pelo canal SIC e pelo Jornal de Notícias que referiram que Coimbra é o terceiro Concelho com mais casas vagas fora do mercado - sem alugar nem vender.
Apesar dos grandes investimentos da Câmara Municipal de Coimbra em habitação social. O mais recentemente falado investimento em 268 casas de habitação social, na Quinta das Bicas, com um investimento de quase 38,5 milhões de euros, cofinanciado pelo PRR.
O Ponney revela que este investimento particular encontra-se numa zona do Concelho com muita deficiência em termos de transportes municipais. Para a zona destas 268 habitações de apoio social, em Santa Eufémia, tem como autocarros, segundo o que O Ponney pode apurar, apenas duas linhas de autocarro a linha 12 e a linha 21. A primeira só tem um horário para a zona e a segunda linha tem dois horários.
O projeto que o município diz ser uma “obra emblemática” e de “qualidade” num bairro social que terá 76 T1, 110 T2, 42 T3, 40 T4 e seis moradias (T4) geminadas, num projeto em que cada bloco terá três andares (incluindo rés-do-chão) e cave para estacionamento de viaturas. Prevendo, o executivo da Câmara de Coimbra, o uso de viatura própria de todos os moradores de habitação social para se deslocarem a este bairro que irá estar pronto em 2026.
Hoje, em 2025, comprar ou arrendar casa em mais de 75 municípios do país implica gastar mais de metade do rendimento. Os dados são do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) que realizou um estudo para identificar desequilíbrios entre a oferta e a procura e conclui também que há no país 250 mil casas prontas a habitar, mas que estão fora do mercado. Idealmente, quando se compra ou arrenda casa, a prestação não deve representar mais do que 35% dos nossos rendimentos. O que, na esmagadora maioria dos portugueses, nem se aproxima da realidade.
De acordo com o regulador, o Banco de Portugal, na maioria dos casos a taxa de esforço nunca deve exceder os 50%. Mas isso acontece em mais de 75 municípios. A conclusão é do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana que, a pedido do Governo, cruzou os dados que tem com os do INE e os do Banco de Portugal. Olhou para o rendimento médio em cada concelho e para o mercado e percebeu que, em 164 municípios, as famílias não conseguem suportar uma prestação mensal sem entrar em sobrecarga financeira. É uma realidade sobretudo na faixa litoral e sul do país, precisamente onde há maior pressão urbanística. Onde se inclui Coimbra.
O problema está na distribuição da população, no preço dos imóveis e no rendimento dos portugueses. O mesmo estudo revela que há no país quase 250 mil casas prontas a habitar que estão fora do mercado de venda ou arrendamento. Explica que a maioria está desocupada ou porque o morador faleceu ou porque a casa ainda está em processo de partilha de herdeiros. Onde os cinco concelhos com mais casas vagas fora do mercado são Lisboa, Sintra, Coimbra, Porto e Oeiras.
Sendo mais específicos os estudos: Coimbra têm 7.930 casas vagas fora do mercado, sendo apenas superada por Lisboa, com 21.801 habitações, e Sintra com 8.196 habitações.
Por outro lado, consultando os censos de 2021, é possível verificar que Coimbra tinha 19,4% dos alojamentos familiares clássicos vagos, que entretanto aumentaram muito.
JAG
18-07-2025