AS GRANDES ÁRVORES MORRERAM DE PÉ
O maior abate de árvores, em Coimbra, já vem desde o corte feito em 2011, quando o anterior Presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, deu autorização para o abate de 56 árvores frondosas no separador da Emídio Navarro, com o argumento que as árvores estavam doentes devido a asneiras nas podas. A realidade é que nunca foram plantadas árvores neste separador, que agora dá muito jeito ao traçado da Metro Mondego.
Muito mais tarde e com traçado do Metro Mondego em andamento pelo PS, o atual Presidente da Câmara Municipal, José Manuel Silva, vem dizer que, no seguimento deste traçado do Metro/Autocarro e confrontado com a defesa do ambiente em campanha, explica «Por conseguinte, não demos ordem de abate, fomos sim constrangidos a autorizar o abate, sob pena de graves consequências para este projeto de mobilidade sustentável e para a região de Coimbra. Também nós lamentamos o corte das árvores e demos todas as explicações sobre este processo, mas, por razões políticas, esta situação, pela qual não fomos responsáveis, foi utilizada por uma minoria para fazer demagogia e guerrilha política, o que faz parte da democracia». Porém o abate das árvores continuou, aumentando o número de árvores abatidas.
Sempre havia a possibilidade de transplante dessas árvores, mas o atual presidente da Câmara optou por usar a medida mais fácil que não coloca em questão a preservação das grandes árvores na cidade. Que levam a pensar que o edil não quer saber da saúde pública e que contornou a questão dizendo-se “constrangido a (...)”.
Ora, perante o corte de árvores por todo o Concelho de Coimbra mandado pelo ex-Presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, (da Conchada até à avenida de Conimbriga em frente ao edifício dos SMTUC) o movimento independente de partidos políticos “Somos Coimbra” pela voz do cabeça de lista fazia-se fotografar perto de uma frondosa árvore para que não continuasse a voragem do corte de árvores em Coimbra. Hoje, a mesma pessoa que era oposição ao corte sem a devida transparência por parte da CMC, e agora como Presidente da Câmara dá continuidade ao abate indiscriminado de árvores. O Presidente Manuel Silva dá continuidade ao abate de árvores iniciado pelo anterior Presidente Manuel Machado.
Através da Lei n.º 59/2021, de 18 de Agosto, foi criado o regime jurídico de gestão do arvoredo urbano, com o objetivo, entre outros, de regular as operações de poda e transplantes do arvoredo urbano que integra o domínio público municipal, o domínio privado do município e o património arbóreo pertencente ao Estado.
Esta Lei também considera qualquer critério, que venha do poder autárquico, aplicáveis ao seu abate dando assim espaço para contrariar a vontade de muitos cidadãos que entendem que a desobediência civil de se manifestarem em cartazes colados publicamente era uma maneira de mostrarem a sua indignação a uma atitude que não ouve os cidadãos.
Apesar dos artigos de opinião muito bem escritos por socialistas e por comunistas que pedem para parar o abate das árvores, mas que se tinham calado no tempo em que o executivo camarário PS/CDU tinha iniciado o corte das árvores, nada parece impedir o corte das árvores em Coimbra.
Perante a falta de coerência entre os discursos enquanto oposição e as ações enquanto poder autárquico, Manuel Silva, explica-se:
«A árvore retratada na fotografia não é nenhuma das árvores que agora foram cortadas por se encontrarem no canal do futuro 'MetroBus', a árvore da fotografia é uma árvore localizada na freguesia da Lamarosa, um verdadeiro 'gigante verde', por se encontrar em meio rural e não em meio urbano, onde as árvores se desenvolvem com mais dificuldade e têm um ciclo de vida mais curto. A nossa determinação é que o futuro seja mais verde do que o presente, razão pela qual vamos criar na Câmara Municipal de Coimbra, porque não existia, um Departamento de Ambiente e Sustentabilidade. As árvores urbanas são essenciais para uma cidade saudável, razão pela qual vamos plantar mais do triplo das que forem cortadas.»
A realidade é que dois anos depois de ter assumido o poder autárquico falta:
1-Explicar de maneira a que todos entendam porque se cortam as árvores em diversos pontos da cidade. Porque se usa este último recurso que é o corte? Será que não há mais nenhuma solução?
2-Explicar para onde vai toda a madeira de cerca de 1000 árvores de grande tamanho. Quem fica com a madeira? Para onde vai essa cara matéria prima?
3-A promessa de plantar 3 árvores por cada árvore cortada quer dizer que vai plantar pequenos rebentos ou vai plantar árvores adultas e saudáveis? Não seria melhor preservar as que existem?
4-Porque não se questiona o transplante das árvores em vez de se fazer logo o corte? A saúde pública não merece o preço do transplante das árvores?
São estas 4 perguntas que, por não terem resposta do executivo, obrigam a uma manifestação para que haja mais gente solidária em relação a uma questão que é ambiental. Uma das questões tão caras neste século XXI, mas que não são discutidas como o caso de deixar as ervas crescerem em espaço público ou o uso de uma bomba química que elimina toda a vida em redor.
AF