BADAJOZ: CIDADE BEIJA-GUADIANA INSPIRADORA PARA COIMBRA
Aproveitei o fim-do-ano para revisitar uma amiga, de juventude, oriunda de Miranda do Corvo, radicada em Lisboa, vai para uns 40 anos, mas que adquiriu, no Alentejo profundo, um Monte.
Lá fui com um amigo e o meu cão bill, um dog alemão. Viagem sem visualização, apesar da cantilena da propaganda governamental, de uma única patrulha da GNR, nem rural, nem da Unidade de Trânsito…nada, de nada. Diz quem sabe que estão apostes em locais estratégicos para as multas, a caça ao dinheiro…não se posicionam no que deveria ser o seu estribilho-divisa de acção: aconselhar, disciplinar, sensibilizar e reprimir manobras perigosas (estas últimas em catadupa…).
Aproveitei, também, estar perto de Espanha para dar um salto, na linha da cantiga: “Ó Elvas, Ó Elvas…Badajoz à vista…”. Lá fomos visitar a cidade beija-Guadiana que estava numa das prateleiras da minha memória, já com pó dos mais de 25 anos sem a abrir…O meu cão, sem saber perceber espanhol, integrou-se e gostou da passeata. O dono e o amigo, idem.
Badajoz apresenta-se acolhedora ao visitante, limpa (atentei que se varre e lavam as ruas com assiduidade, o que lhe dá frescura e asseio), sóbria, arejada, verde e muito cuidada. Tem mais ou menos a população de Coimbra, 150 mil habitantes. Parece-se-lhe gémea, pela estrutura de proximidade a um rio, pela história de 2 milénios (quase), pelos Monumentos, pela baixa antiga, pela Universidade e pela beleza.
O seu Casco Antigo ou Bairro Histórico, com a Catedral, os Paços do Concelho (Ayuntamiento), a Alcáçova e as Muralhas, com ruas estreitas e praças frondosas, dominam a vista. As margens do Guadiana, ladeadas por Avenidas e espaços verdes de qualidade, dão-lhe vida e atraem os habitantes e os turistas. Respira-se vida. O Rio, o Guadiana, é um símbolo de uma Cidade de cariz Comercial que, como compreendi e do que li antes de me fazer à sua visita, tem vindo a adaptar-se aos novos desafios, tendo guinado para a indústria, com especial relevo para a têxtil (linho e lã), couro e cerâmica.
O seu novo espaço, o IFEBA, de Comércio, Feiras e Congressos, situado numa das margens do Rio Caia, dá-lhe dentro e fora de portas, assim como além fronteiras, imagem de dinâmica.
Os transportes urbanos de Badajoz, ligam as principais áreas, podendo avaliar-se que, e com mini-bus, se pode entrar no miolo de parte do Centro Histórico, proveniente da maior parte das zonas da Cidade.
Olhei para Badajoz, de perto, de longe e lendo a sua história e a sua progressão. Coimbra podia retirar maior partido do seu Rio, o Mondego. Coimbra devia recuperar as suas indústrias de nascença, principalmente a cerâmica, as alimentares, a dos têxteis, a das cervejas e criar um Centro de Feiras, a que deveria juntar uma objectiva divulgação, por esse Mundo fora, do prestígio da sua Universidade e do seu Pólo de Saúde. Mas não pode ser sangrada deste último, provocada por uma política do nosso SNS que o está a espatifar, a deixar sem médicos e enfermeiros que, e por mal pagos, abalam para o privado. O nosso Estado só paga bem aos políticos e aos seus compadres, a quem se oferecem tachos nas empresas ou organismos públicos.
Coimbra, que conta com nova gestão municipal, tem de se relançar para, junto do Terreiro do Paço, reivindicar. Para ser, de novo, Capital do Centro do País. Para chamar a si uma Área Metropolitana. Para se reorganizar como Cidade. Para se reformar como Urbe do Conhecimento e da Cultura. Para se redefinir, aprumando-se, como Coimbra da Saúde. Não quero que sejamos Badajoz, até porque as diferenças, todas elas, começando pela língua, costumes, tradições e história, não nos separam, mas são divergentes e não encaixam na nossa Coimbra, Cidade com a sua pegada e com a sua divisa-vida. Saibamos, como outras Cidades do Mundo, aproveitar as oportunidades sem nos deixarmos adormecer à sombra do chaparro. O PRR tem em vista algum projecto que possa ser útil ao tecido produtivo, todo ele, mesmo o da chamada “massa cinzenta”, de Coimbra e da Região? Vamos a isso para não perdermos o presente e capitalizarmos o futuro.
António Barreiros