Cerca de Santo Agostinho

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A presença dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, em Coimbra, antecede a fundação da nacionalidade, constituindo-se desde o início como agentes de relevo e influência na esfera da governação do reino.

Enquadrados originariamente na Sé Episcopal, foram os principais mentores desta Congregação três cónegos do cabido conimbricense: o arcediago D. Telo, o mestre-escola D. João e o prior D. Miguel.

Absolutamente fundamental para a divulgação, do instituto dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho,  foi a fundação do Mosteiro de Santa Cruz  no ano de 1131, em Coimbra. com o beneplácito de D. Afonso Henriques.

Com uma profunda reforma crúzia, que aniquilou a longa vocação escolar do mosteiro, na transição do século XVI para o XVII, foi criado o Colégio de Santo Agostinho / Sapiência, vulgarmente conhecido como Colégio Novo na rua do mesmo nome ou dos Coutinhos, implantando-se nos domínios da casa-mãe em plena colina da cidade.

Pela escassez de espaço, o novo colégio optou por criar a sua Cerca num terreno marcado por vertentes escarpadas, localização sob a Couraça dos Apóstolos à qual se ligava por um engenhoso passadiço sobre a porta aberta na muralha da cidade.

Para ultrapassar a morfologia inicial, o terreno foi modelado em três terraços, sustentados por um sistema de muros de contenção. Ao longo destes patamares utilizados pelos cónegos regrantes para recreio e meditação, instalaram-se diversas estruturas, nomeadamente a colunata dórica, a capela, a Casa de Fresco, a Casa da Cerca, a cisterna, etc., ficando os patamares inferiores vocacionados à exploração hortícola para sustento próprio.

A vista atual da Cerca de Santo Agostinho deixa uma experiência quase repulsiva, mas sendo o espaço propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Coimbra, acreditamos que a sua requalificação não está esquecida!

Carlos Ferrão