CLARO QUE SIM!
Claro que o senhor presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Silva, usou o seu primeiro dia de férias para trabalhar. Claro que sim e se dúvidas restassem, ele próprio publicou esta informação na sua página do facebook. Nada melhor que o próprio para testemunhar. Reforçando com a publicação da frase «Gosto de trabalhar por e para Coimbra. Vou ficar por cá.» presumimos que sejam as férias todas - ou será apenas o tal primeiro dia de férias?
Saber se é um dia de férias que guardou para continuar o trabalho ou se compromete as férias todas pouco importa para o caso.
O que O Ponney propõe para reflexão são três pontos :
1º As férias servem para que cada pessoa se recrie - possa ter uma visão distanciada do trabalho para que volte com nova energia. Não é por acaso que a nossa vetusta Universidade de Coimbra obrigue (o verbo correto é mesmo ‘OBRIGAR’ e frequente verbo usado e abusado na Universidade de Coimbra) todos os seus colaboradores a gozarem férias - o que certifica a necessidade de férias;
2º A intenção do senhor Presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Silva, ao colocar esta mensagem pública, pode ser entendida como forma de desencorajar os funcionários da Câmara a tirarem férias. Imitando a atitude do Presidente para ignorarem um direito laboral. Se não foi a sua intenção pode ser interpretado assim - pois o senhor Presidente, Manuel Silva, tem assessores (em número maior) e técnicos de marketing para entender as consequências das suas declarações públicas;
3º O concelho de Coimbra fica exatamente igual, com ou sem o senhor Presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Silva, estar ou não a trabalhar. Nada demonstra que o senhor Presidente da Câmara de Coimbra continua a trabalhar por amor a Coimbra. Tirando um ou outro documento que necessite de assinatura.
O que os conimbricenses vêm é uma cidade, que já foi capital de Portugal, a continuar a perder cada vez mais o seu estatuto.
Prova a continuada demografia a reduzir; a falta de investimento no concelho; o estado deplorável dos prédios na baixa e na alta da cidade; a redução do espaço verde com o corte das árvores altas e eventualmente substituição por brotos a fazer de conta que são árvores; o caos no trânsito provocado pelos semáforos em rotundas e pelas arrastadas obras de um metro-autocarro que apenas vai substituir o percurso dos autocarros; a má gestão dos transportes públicos que cada vez servem em piores condições os utentes (muitos deles estudantes que levam uma má imagem de Coimbra); a vetusta biblioteca municipal entregue a desconcertante gestão; um estádio municipal em absoluta falta de correta manutenção; a falta de transparência do executivo da Câmara de Coimbra que nem as atas dos SMTUC (que é obrigatório) publica de forma atualizada - neste momento em que escrevemos a última ata é datada de 27 de Julho de 2023 - com um mês de atraso - processo frequente.
Ora acontece que são relatados autocarros a incendiarem-se e a tão proclamada compra de autocarros ao Barreiro, onde a senhora presidente do Concelho de Administração dos transportes municipais (SMTUC), Ana Bastos, proclamou que estavam muito bons, estão a dar mais despesa nas oficinas do que o valor que foi pago e esta é só a parte visível da má gestão, onde para os utentes os autocarros andam atrasados ou em linhas e em horários sem utentes.
A importância dos transportes urbanos funcionarem muito bem é tão somente a de resolver dois grandes problemas da cidade: a de aumentar o espaço de peão para desfrutar da cidade e o de reduzir a pegada ecológica de uma das cidades universitárias mais antigas da Europa. O que redobra a responsabilidade.
O senhor Presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Silva, tinha defendido de maneira eufórica os espetáculos dos Coldplay com dados estrangeiros onde o enriquecimento por espetáculos era de tal ordem que mais do que justificava o “investimento”, mas esqueceu-se de que os dados eram de uma cidade onde a continuidade de espetáculos trazia a tal riqueza e não apenas resultante de 4 espetáculos do mesmo grupo. A ‘continuidade’ esquecida.
É que para além de não apresentar todas as contas com este “investimento” ainda se esqueceu da continuidade.
Se não é má gestão é o quê?
Então para que serve o sacrifício das férias?
Se nos for permitido o conselho, ao senhor Manuel Silva, Presidente da Câmara de Coimbra, aproveite as férias para fazer viagens de autocarro por todo o concelho e que registe os problemas para, pelo menos, corrigir o que está errado. Mas faça as viagens de autocarro para ver com vagar as condições do Município que está a governar e assim poder afirmar publicamente com propriedade: «Gosto de trabalhar por e para Coimbra. Vou ficar por cá.»
Se não vai gozar as férias fora de Coimbra, pelo menos use esse tempo para ver o que anda a ser feito.
Só aceita o nosso conselho se assim o entender. Claro que sim!
Só mais um esclarecimento: afinal o senhor Presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Silva, deixou o seu gabinete nas férias e foi assistir a uma ópera na Áustria - o que revela bem quem é o senhor que ocupa a presidência executiva da Câmara de Coimbra.
Alguém nos explicou que o Presidente Manuel Silva está a trabalhar nas férias, quem viajou para a Áustria foi o Vereador da Cultura, Manuel Silva, que só por acaso é a mesma pessoa.
JG