“COMPAIXÃO” COM CUIDADOS PALIATIVOS

1 COMPAIXAO COM CUIDADOS PALIATIVOS1

 

Em 2025 o Hospital Compaixão que foi alvo de polémicas para abrir as suas portas, e criado pela Fundação ADFP- Assistência, Desenvolvimento e Formação Profissional, vai ter unidade de cuidados paliativos.

Em 2020, em tempos de pandemia do covid-19, o Hospital Compaixão, em Miranda do Corvo, estava já concluído e equipado há mais de um ano, mas ainda não tinha aberto as suas portas por falta de acordos com o Ministério da Saúde no tempo de governo de António Costa (hoje presidente do Conselho Europeu ).
Considerando que durante a pandemia, o Ministério Público tinha autorizado a montarem tendas para suprir a falta de áreas hospitalares para receberem os doentes vítimas de covid-19.

O Ponney lembra que o Hospital Compaixão representou um investimento de cerca de 10 milhões de euros, suportados praticamente pela Fundação ADFP- Assistência, Desenvolvimento e Formação Profissional, sem fins lucrativos, que contou apenas com um apoio de 800 mil euros do município de Miranda do Corvo. Nas palavras de Jaime Ramos, médico, numa entrevista ao Campeão em 2023 disse sobre a ADFP «É uma organização que fundei há 36 anos com a colaboração de muitas pessoas ao longo deste percurso. São indivíduos que desempenham papéis fundamentais, como dirigentes, voluntários, sem qualquer remuneração, ou como trabalhadores e técnicos da Fundação. O trabalho deles é notável. Não é uma obra minha, mas sim de um coletivo de pessoas que contribuem de maneiras diversas.»

Acrescentando que «Com vaidade, gosto de afirmar que a Fundação é a organização nacional mais inclusiva e eclética. Trabalhamos numa perspetiva intergeracional, atendendo a bebés, crianças, jovens, adultos e idosos. Somos inclusivos ao apoiar pessoas com deficiência, doença mental e outras minorias, incluindo refugiados e migrantes. O nosso objetivo não se limita a fornecer serviços de apoio a estas pessoas com necessidades especiais, com refeitórios, formação ou residências. Fazemos mais, integramos essas pessoas nas nossas equipas, tornando-as colaboradores da instituição, algumas até em níveis hierárquicos elevados. O trabalho dá dignidade ás pessoas.
Esta inclusão e integração são fundamentais para as pessoas, e tornam-nos um exemplo nacional.» Explicando, o fundador Jaime Ramos, o contexto em que o Hospital Compaixão foi construido.

Numa cronologia mais detalhada: em 2018, a ARS Centro é informada da construção do hospital.
Nessa altura, segundo Jaime Ramos “o hospital estava já numa fase adiantada” de construção e a fundação convidou a Administração Regional de Saúde do Centro para uma visita técnica, “para, se necessário, se introduzir alguma melhoria” e “fazermos acordos de cooperação nas diferentes áreas”.

Nesse mesmo ano, “a equipa de cuidados continuados veio visitar o hospital” e, conta Jaime Ramos, “ficou acordado que, em princípio, no primeiro semestre de 2019, quando o hospital estaria efetivamente concluído, seria feito um acordo para cuidados continuados de convalescença com 30 camas.” Chegados ao fim do primeiro semestre de 2019, a fundação comunicou que o hospital estava concluído e que “precisávamos de assinar os acordos para preparar a equipa.”


Mas em meados de 2019, começa o silêncio. A partir desse momento, lamentou Jaime Ramos, “passámos a não ter nem visitas nem respostas aos nossos ofícios".

“Seguiu-se uma sucessão de ofícios durante todo o ano de 2019”, que culminou com um ofício, já em Novembro, em que, segundo Jaime Ramos, “na parte final, dizemos que, se o problema é com a administração da fundação, nós disponibiliza-mo-nos para que seja o próprio Ministério da Saúde a fazer a gestão direta do hospital”, dado tratar-se de um serviço “muito necessário para as pessoas e um investimento que está feito e que pode ser colocado à disposição do Serviço Nacional de Saúde”.

Porém nem a oferta, dirigida diretamente à ministra da Saúde, convenceu a ex-ministra da Saúde, Marta Temido, que nem resposta dá.

Em Fevereiro 2020 a fundação oferece hospital para combate à pandemia e continua a relatar o médico, “ainda antes de a pandemia ter chegado a Portugal mas já ouvindo as notícias que chegavam de outros países e com a convicção de que ela chegaria ao nosso país, enviámos um ofício às diferentes entidades do Ministério da Saúde a disponibilizarmos o hospital para esse combate à pandemia”.

A proposta tinha caído, mais uma vez, em saco roto.

A partir daí, “nova sucessão de ofícios, já no decorrer do estado de emergência, em que oferecíamos, não só o hospital, mas também os dois hotéis que gerimos, porque podiam ser necessários para colocar pessoas”, continuou Jaime Ramos. Novamente sem respostas.

Enquanto isso, pavilhões gimnodesportivos eram equipados para hospitais de campanha, como aconteceu precisamente em Miranda do Corvo e no concelho vizinho da Lousã. Certo é que há ano e meio que o Hospital da Compaixão, em Miranda do Corvo, poderia ter aberto as portas à população, evitando que ela fosse obrigada a deslocar-se a outras localidades.

Se o Ministério da Saúde português não quisesse aproveitar esta infraestrutura, a fundação estava pronta para vendê-la a entidades privadas, portuguesas ou estrangeiras. Pelo menos assim, a população poderá mais facilmente usufruir dos necessários cuidados de saúde.

Em 2020, a verdade é que o ex-Primeiro Ministro (PM), António Costa, foi pedir camas de hotéis - confirmado informação pelo próprio ex-PM.

O equipamento, a poucos minutos de Coimbra através da A-13, está dotado de 55 camas, possui quatro ventiladores, equipamento de tomografia computorizada (TAC), raio-X e ecografia, a par de bloco operatório (com duas salas de cirurgia) e área para serviço de urgência.

Ainda para Jaime Ramos, “o esforço feito para inverter o esvaziamento característico da interioridade estava a ser injustamente desprezado”. Jaime Ramos frisou ainda que o Hospital Compaixão, aberto em 2019, sem acordo de cooperação com o SNS, foi “muito maltratado” pelo Governo socialista de António Costa , que “não deu oportunidades de diálogo” e que, na altura da pandemia da covid-19 “foi montar hospitais de campanha num pavilhão gimnodesportivo e noutro a poucos quilómetros na vila da Lousã”.

Hoje, em 2024 e, graças à persistência de Jaime Ramos, o Hospital Compaixão, de Miranda do Corvo, no distrito de Coimbra, vai abrir em 2025 uma unidade de cuidados paliativos com 20 camas para dar apoio à zona do Pinhal Interior.

O anúncio foi feito pelo incansável presidente da Fundação ADFP, proprietária da unidade hospitalar, depois de comunicar o cancelamento da visita da ministra da saúde devido a uma da indisposição durante a viagem.

“Queríamos que a senhora ministra conhecesse muito bem todas as potencialidades do Hospital Compaixão, que ultrapassa esta unidade de cuidados paliativos, e a cooperação que podemos ter com o Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente nas cirurgias, consultas e atendimento complementar”, salientou aos jornalistas Jaime Ramos.

O presidente da instituição reiterou que a unidade hospitalar precisa de um acordo de cooperação com o Serviço Nacional de Saúde (SNS), “que abranja cirurgias, que ainda não começámos a fazer, para atenuar a listas de espera que existem em muitas especialidades, consultas externas de especialidades e serviço de atendimento permanente, que evite deslocações desnecessárias a um serviço de urgência”.

“Queremos fazer um atendimento complementar aos centros de saúde que resolva muito das situações das populações [do Pinhal Interior], evitando que tenham de recorrer às urgências muito diferenciadas - do Pediátrico aos Hospitais da Universidade de Coimbra -, que melhore a qualidade de vida das pessoas e, por outro lado, beneficie as urgências de Coimbra e as outras pessoas que precisam mesmo de um serviço de urgência”, sublinhou.

“Ainda recentemente estavam a enviar doentes destes concelhos [do Pinhal Interior] para Albergaria-a-Velha, em hospitalização de retaguarda dos Hospitais da Universidade de Coimbra, a preços acima da tabela, quando tinham em Miranda do Corvo um hospital vago”, enfatizou.

Segundo o dirigente, o SNS “gastava dinheiro e tratava as pessoas de uma forma desumana, impedindo que as famílias fossem visitar os seus doentes a mais de 100 quilómetros, o que, felizmente, está a ser alterado”.

O presidente da Fundação ADFP anunciou ainda que, também em 2025, a instituição vai avançar com a requalificação do antigo Hospital da Misericórdia da Lousã (distrito de Coimbra), adquirido em 2023, para instalar uma unidade de cuidados continuados.

JAG