CROMOS DO LICEU D. JOÃO III (DRA. BERTA ROSA)

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A Berta Rosa foi minha professora de matemática nos 3º, 4º e 5º anos do liceu. Não era má mulher, mas não se pode dizer que fosse uma mulher boa. Longe, longe disso!

Não me lembro bem mas devia andar pelos seus trinta e tal anos.

Muito feiazinha, graças a Deus, encardida, branca como a cal, mal penteada, e com um vestuário dos anos quarenta, ainda por cima escolhido sem gosto.

 Juntava-se-lhe uma espuma esbranquiçada ao canto da boca quando falava.

Tinha uma paixoneta indisfarçável pelo Furtado que saiu do liceu no 4º ano para ir para a tropa porque já estava com 20 anos. O Furtado morava ali para a Rua do Brasil.

Magríssima como era, adivinhava-se-lhe a total ausência de seios, o que lhe devia trazer compreensivelmente muitos complexos.

 Percebia-se que ela disfarçava, colocando algumas coisas por dentro da blusa, para fazer chumaço… O quê, nunca tínhamos descoberto. Nem tínhamos muita vontade de o descobrir, diga-se...

Até que um dia...

A Berta Rosa estava a escrever no quadro o enunciado de um problema para resolvermos...

Como era baixinha, esticava-se toda com o giz na mão a desenhar letras, números e símbolos.

Os chumaços não deviam estar bem-acondicionados nesse dia porque, com o esforço de se esticar, reparámos quando se virou para nós, que tinha um “seio” no sítio e o outro próximo da cintura.

Foi a primeira vez que a vi coradinha…  Ficou mais bonita assim...

 

Obs: Deu-me boas notas. Por isso não devia estar aqui a dizer mal dela, coitadinha...

Rui Felicio 

 

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