INVESTIGADORES DA UC MANIFESTAM-SE CONTRA A PRECARIEDADE NA CIÊNCIA
Hoje, sexta-feira dia 13 de Dezembro, pelas 11h00, terá lugar uma manifestação organizada por investigadores da Universidade de Coimbra (UC) junto à Porta Férrea.
O protesto assinala a falta de soluções e de estratégias apresentada pela instituição para fazer face à precariedade que afeta cerca de 270 dos seus investigadores, que se encontram numa situação laboral instável e sem perspetivas de integração, incluindo cerca de 70 que, entre Dezembro de 2024 e Janeiro de 2025, enfrentarão o desemprego depois de anos de dedicação à UC.
Os números testemunham a precariedade dos investigadores na Universidade de Coimbra. Uma amostra de 25% (n=67) dos cerca de 270 investigadores da UC respondeu a um formulário sobre a sua atividade profissional na UC. Dos dados desses 67 investigadores, destacam os seguintes números:
- Média de 10,99 anos em situação precária na UC;
- Contribuição docente de 2031 horas não remuneradas no ano letivo 2023-2024;
- Nos últimos cinco anos, estes investigadores realizaram:387 orientações de estágio;
366 orientações de mestrado; 145 orientações de doutoramento (concluídas e em curso).
- Financiamento obtido como investigadores responsáveis e corresponsáveis através de projetos de referência (FCT, Marie Curie, ERC, H2020, entre outros) com 8,6 milhões de euros, com overheads para a UC superiores a 1,7 milhões de euros (dados informais).
Apesar da contribuição essencial destes investigadores, homens e mulheres, para o funcionamento e a excelência académica da UC, o resultado insatisfatório da instituição no concurso FCT-Tenure, aliado à falta de medidas concretas para resolver a precariedade, agrava o problema e ameaça o futuro de dezenas de profissionais altamente qualificados.
Esta ação é promovida por um grupo espontâneo, independente de partidos políticos e organizado de forma orgânica pelos investigadores da UC, em conformidade com o Decreto-Lei n.º 406/74 e a Lei Orgânica n.º 2/2011.
Por outro lado o Presidente da República, esta semana, visitou Amesterdão, Marcelo Rebelo de Sousa ouviu queixas de investigadores e académicos portugueses que emigraram para os Países Baixos. Em causa, continua a falta de verbas para a investigação científica em Portugal e a ausência de um plano concreto para fazer regressar os portugueses emigrados pelo mundo.
Marcelo Rebelo de Sousa encontrou-se com investigadores e académicos portugueses, num hotel em Amesterdão, durante a sua visita aos Países Baixos, e ouviu queixas sobre o orçamento e o funcionamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e do meio académico português em geral, sobre a burocracia, os salários e as condições de trabalho para quadros qualificados em Portugal.
Será necessário sair de Portugal para que os investigadores possam ser ouvidos pelo Presidente da República? E o que diz o Presidente da República?
Segundo o chefe de Estado, “em matéria política de ciência tem havido muitos ziguezagues, quer das universidades, quer do Estado”, e com a recente mudança de poder executivo “o panorama mudou um bocadinho, porque este Governo, como se sabe, não tem Ministério da Ciência e Tecnologia, unificou numa área mais vasta toda a Educação, mais a Ciência e domínios afluentes”.
“Nesse sentido, estamos numa fase ainda de redefinição, o que deve explicar porque é que também a FCT está numa fase de redefinição. São poucos meses. Mas eu concordo que faz falta uma política de médio prazo”, afirmou o Presidente.
A realidade é que não se pode reduzir o problema dos investigadores que estão no estrangeiro, nem reduzir os problemas apenas aos jovens instigadores (que necessitam dos seniores para investigarem) o problema é mais grave, sem plano e trazem consequências negativas para o desenvolvimento de Portugal.
JAG