MALDIÇÃO NO S. FRANCISCO
O Convento São Francisco (CSF), desde a tomada de posse do executivo municipal, liderado por José Manuel Silva, que tem andado numa espécie de maldição em relação aos programadores culturais. Em 2 anos e um mês rodaram cinco programadores. Causando uma certa estranheza, a muitos conimbricenses, que perante um dos mais caros equipamentos culturais nacionais, exista um enorme mistério em volta destas entradas e saídas dos programadores.
Desde a tomada de posse de José Manuel Silva a 18 de Outubro de 2021 até Novembro de 2023 passaram, pelo CSF, cinco programadores.
O Ponney lembra quem eram esses programadores e o que aconteceu a cada um deles. A programadora cultural do CSF, nomeada pelo executivo anterior, liderado por Manuel Machado, era Isabel Worm que terminado o contrato não foi renovado pelo executivo de José Manuel Silva.
Segundo o executivo atual a ex-diretora do Olga Cadaval, Isabel Worm, tinha um contrato com a Câmara de Coimbra demasiado dispendioso.
O executivo anterior socialista tinha contratado a empresa Arsuna, "representada por Isabel Worm", através de um ajuste direto de 74.800 euros (mais IVA), para "serviços de consultoria para o Convento São Francisco e outros equipamentos culturais municipais”. O que dá um pouco mais de 6 mil euros por mês. Que é um custo muito idêntico ao que o atual executivo tem com a APBRA.
Pois o município está a suportar um custo de até 75 mil euros das despesas anuais com a curadoria da antiga Casa da Escrita entregues à associação fundada pelo irmão do presidente da Câmara de Coimbra. O que dá igualmente um custo de mais de 6 mil euros por mês à disposição da Associação Portugal Brasil 200 (APBRA).
Mas a justificação pública do executivo municipal era que o custo de programação feito com Isabel Worm era demasiado alto.
A segunda programadora foi a Celeste Amaro que nem sequer chegou a aquecer o lugar. Com a explicação à Lusa do presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, que explicou: «Lamento os constrangimentos criados à doutora Celeste Amaro, que eu convidei e que agora tive que assumir uma posição distinta, mas isso faz parte do papel das obrigações do presidente da Câmara». O argumento para o estrondoso erro da CMC prendeu-se com a “incompatibilidade da equipa do CSF” com Celeste Amaro, nomeada pelo presidente da CMC.
Celeste Amaro chegou a escrever na sua página do facebook: «Fui contra o poder instalado, contra as elites instituídas e a favor da democratização da cultura e da reconciliação do Convento com a cidade, porque considero que o Convento é de e para a cidade. Tem capacidades para ser rentabilizado muito mais do que tem sido até aqui com uma programação mais transversal e eclética, capaz de chegar a todos os públicos, o que não se tem verificado atualmente.» Num claro reconhecimento que há “poderes instalados” e “elites instituídas” que estavam contra uma “programação mais transversal e eclética”. Esta polémica foi noticiada em Março de 2022.
Imediatamente foi nomeado Francisco Páscoa para o lugar de programador do CSF, figura muito conhecida nos meios culturais de Coimbra, mas que esteve pouco tempo dado que se aposentou. Foi o terceiro programador a ser nomeado, apesar de se saber que iria apresentar reforma, pelo executivo municipal. O que é estranho dado que o trabalho de programação cultural obriga a um necessário calendário a médio e longo prazo.
O quarto programador escolhido pelo executivo municipal coube a Paulo Pires. Tendo assumido o lugar em Junho de 2022 a chefia da Divisão de Cultura e Promoção Turística da Câmara de Coimbra. Mais tarde também passou a liderar o Departamento da Cultura e programação do CSF a partir de Outubro 2022. No início de Fevereiro de 2023 pediu a demissão por “motivos pessoais”. Isto a 4 meses da sua nomeação, o que naturalmente também causa estranheza.
O quinto programador contratado pela CMC foi Luís Rodrigues que concedeu uma entrevista a O Ponney em Julho de 2023, após ter tomado posse do cargo de programador cultural no CSF. Abrimos a entrevista com «O chefe de divisão do CSF, Filipe Carvalho deu-nos as boas vindas e lembrou que estamos num espaço envidraçado para a rua o que permite que qualquer pessoa possa ver o que fazem os funcionários - sublinhando a transparência em tudo o que fazem o que nos agradou muito esta referência. » Talvez por uma certa sujidade dos vidros a verdade é que já não se consegue ver bem o que se passa no interior do CSF.
Nessa entrevista que Luís Rodrigues deu a O Ponney, 10 dias após ter tomado posse como programador do CSF, disse algo muito idêntico ao que Celeste Amaro tinha escrito. Notem a semelhança com o que o Luís Rodrigues explicou: «A programação para este ano de 2023 está fechada, mais importante do que fazer a programação é ter uma visão estratégica para aproximar mais o CSF com a comunidade. O CSF tem que ter uma uma programação eclética - se é revista à portuguesa ou uma determinada peça de teatro - não pode ser posto de parte logo à partida só por isso!». Celeste Amaro tinha escrito na sua página da rede social que era «(...)a favor da democratização da cultura e da reconciliação do Convento com a cidade, porque considero que o Convento é de e para a cidade. Tem capacidades para ser rentabilizado muito mais do que tem sido até aqui com uma programação mais transversal e eclética, capaz de chegar a todos os públicos, o que não se tem verificado atualmente.» Talvez seja esta posição de uma programação mais eclética que tenha criado uma certa animosidade com alguns dirigentes do CSF.
Luís Rodrigues também deu uma informação importante a O Ponney: «Finalmente há um quarto nível das premissas na minha proposta para o CSF que é o lugar de programador e direção artística poder vir a ser sujeito a concurso público.» Ou seja, a proposta para abrir concurso publico a programador foi da autoria do último programador.
Mas se em Julho de 2023 toma posse, em 10 de Novembro de 2023 a Câmara de Coimbra terminou a ligação contratual com o programador do Convento São Francisco (CSF), Luís Rodrigues, após uma funcionária do Café Concerto ter apresentado uma queixa junto da PSP por assédio contra aquele responsável.
Por suspeita, e apenas por suspeita, o presidente da CMC termina o contrato com Luís Rodrigues que era o responsável pela área Cultural da campanha autárquica de José Manuel Silva. Neste momento, Luís Rodrigues, apresentou, a par dos processos criminais, também um processo no tribunal administrativo contra a autarquia. Muitos conimbricenses não entendem como é que uma autarquia afasta um programador por "suspeitas de assédio" e leva com um processo no tribunal administrativo, por alegado erro no processo de demissão, “há qualquer coisa que não foi explicada perante a opinião pública” - conta-nos uma pessoa que entendeu não se identificar com receio de perseguição na CMC.
Desde 10 de Novembro de 2023 até Março de 2025 (1 ano e quatro meses), a programação do CSF foi assegurada pela diretora do Departamento da Cultura e Turismo, Maria Carlos Pêgo, e pelo chefe de Divisão do Convento São Francisco, Filipe Carvalho. Sendo polémicos alguns espetáculos por companhias de dança onde a diretora, Maria Carlos Pêgo, tem interesses.
Maria Carlos Pêgo, que também tem funções como responsável na escola de dança DNA (empresa), juntamente com a sua irmã, e também são, as duas, responsáveis pela associação sem fins lucrativo 8 Tempos e que acumula como diretora do Departamento da Cultura e Turismo na CMC e com o de programadora do CSF. O que não impede de colocar a sua escola de dança e a sua associação na programação do Convento de São Francisco. Levantando polémica, nos meios culturais, por conflito de interesses.
Ontem, dia 27 de Março de 2025, a diretora do Departamento de Cultura e Turismo da Câmara de Coimbra, Maria Carlos Pêgo, anunciou que «Recebemos cinco candidaturas válidas. Recebemos outras, mas não foram submetidas pela plataforma [associada à contratação pública]».
Segundo a responsável, segue-se uma avaliação das candidaturas, para aferir se cumprem todos os pré-requisitos do concurso, seguindo-se uma 2.ª fase, para apresentação de uma estratégia de programação para o Convento São Francisco. Na segunda fase do concurso, a proposta de projeto cultural para o espaço terá um peso de 90% na seleção do vencedor. Ou seja o peso maior (90%) está numa avaliação subjetiva para a contratação de programadores culturais no CSF.
JAG
28-03-2025