MÉDICOS DO SNS PEDEM SOCORRO

1 MEDICOS DO SNS PEDEM SOCORRO 1

 

Nesta semana, O Ponney deu conta de uma situação de absoluta desorganização do sistema de saúde em Coimbra, com o pedido de auxilio de um jovem médico.

Na passada segunda-feira, 24 de Junho deste ano, na hematologia do hospital dos Covões, encontrámos cerca de 50 utentes, na sua grande maioria pessoas de idade mais avançada e, muitos, com visível dificuldade de saúde, na sala de espera e apenas dois médicos para o atendimento. A média de espera, só para a colheita de sangue, era de 1 hora o que levou a um clamor cada vez maior de reclamações por parte dos utentes e dos familiares que os acompanhavam.

No meio do rebuliço provocado pelos utentes e dos familiares, sai um jovem médico que corre desesperado em todas as direções.

O Ponney foi testemunha de que, no meio de muita gente que reclamava cada vez mais alto, o jovem médico, com visível ansiedade e frustração por não conseguir dar resposta aos utentes disse em voz alta:

«Eu sei que a vossa espera é demasiado longa, mas, por favor, reclamem e façam também essas reclamações por escrito. Somos dois médicos para todos os utentes aqui presentes. Por favor, peço-vos que sejam testemunhas e que divulguem esta situação para nos ajudarem. Só uma ação feita pelos próprios utentes podem-nos ajudar a que os responsáveis corrijam esta errada situação! Para já peço que tentem compreender, que nós, médicos, estamos a fazer o possível e o impossível - como sempre.»

O tão apregoado e, aparentemente importante para vários governos, em especial para o último governo socialista de António Costa, o Sistema Nacional de Saúde (SNS) está demasiado mal e visivelmente sem qualquer sistema de organização.

Mais uma vez é claro que se o SNS ainda funciona, é muito graças ao esforço dos profissionais de saúde e não da organização, nacional e regional, do SNS.

O Ponney questiona: O que se passa com a distribuição de médicos? Onde estão os muitos médicos formados nas nossas universidades?
Terão emigrado? Estarão no privado?

O facto é que o tão apregoado, pelo governo anterior, regime Dedicação Plena não paga o suficiente para assegurar exclusividade, não liberta tempo e não assegura que o vencimento-hora proporcionará uma reforma melhor. Não serve para atrair os médicos. Outro facto é que não há outra carreira tão longa, tão complexa e tão difícil como a Carreira Médica.

Nestas condições, é necessário que se saiba que quem decide o número de vagas para o Ensino Superior é o Governo, através do Ministério do Ensino Superior.
Ao todo há quatro faculdades que têm mais de 200 vagas por ano: FMUP, FMUC, FMUL e FCMUNL. Isto traduz-se em turmas enormes. Compreende-se que o tamanho das turmas tem impacto na qualidade do ensino. Os hospitais daquelas faculdades têm professores (e estrutura) em número suficiente para ensinar a tantos alunos? Os médicos que também são professores dedicam tempo suficiente ao Ensino Médico? É preciso que se compreenda que as faculdades têm limites de capacidade, sob pena de se degradar a qualidade do ensino.

Mas será necessário formar mais médicos?

Não. Portugal é o terceiro país da OCDE com maior número de médicos per capita. A somar às 1505 vagas de Medicina do concurso de 2023 têm que se juntar as vagas para licenciados. Nunca houve tantas vagas como nos últimos anos. O que talvez fosse interessante é que, mantendo o número de vagas, pudesse haver mais faculdades, para que as turmas não fossem tão grandes.

Há pelo menos duas universidades candidatas a ter Mestrado de Medicina e o processo encontra-se em avaliação: a Universidade de Aveiro e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

No fim do sexto ano (que normalmente é durante o mês de Novembro), os jovens médicos fazem um exame nacional, a PNA (Prova Nacional de Acesso), que avalia os conhecimentos de todo o curso e cujo resultado serve para ordená-los a escolher a especialidade que vão tirar, consoante a média.

Portugal não precisa de aumentar o número de médicos formados enquanto não for capaz de reter os atuais médicos no SNS. Este é que é o verdadeiro problema que tem como consequência o testemunho que O Ponney assistiu, na sala de espera de hematologia do hospital dos Covões, e de tantos outras situações que levam a tantas reclamações.

MJ