NÃO HÁ CABRA QUE AGUENTE

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A cidade de Coimbra que, entre outras coisas, é conhecida pela sua torre da Universidade, onde um dos sinos, o que está virado para o rio Mondego, foi alcunhado pelos estudantes como “ a cabra”, vai ter um grande dilema criado pelo presidente da Câmara Municipal de Coimbra. O dilema consiste em decidir entre a aplicação de herbicida (com glifosato), uma bomba química contra seres vivos, ou deixar que as ervas cresçam por toda a cidade.

As pessoas, moradoras em Coimbra, terão que decidir entre deixar que a cidade se transforme “numa espécie de renaturalização da cidade” como considera o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva, ou o uso de uma bomba química que traz consequências muito graves para a saúde pública.

A “renaturalização da cidade”, tem, também, como consequência a de poderem albergar, nas ervas, parasitas (como pulgas e carraças), camundongos, ratazanas e outras pragas que se podem espalhar pela cidade colocando em risco a saúde pública.
Já o uso da aplicação de herbicida (com glifosato) é, naturalmente, uma verdadeira “bomba química” pelas consequências na saúde pública. O que, pela própria formação médica do atual presidente da Câmara de Coimbra não é razoável a discussão da sua possibilidade de uso. Por outro lado também não pode ser solução dizer que o problema das ervas a crescerem por todo o espaço urbano não tem solução e até pode ser visto como “renaturalização da cidade”.

Diferente ação teve o executivo municipal, em relação aos diversos espetáculos (com duração de dias) e aos apoios à associação com ligação ao irmão e amigo do presidente da Câmara, em contrato que se irá arrastar até depois dos 4 anos de mandato, o executivo municipal decidiu sem necessitar de colocar à discussão dos habitantes de Coimbra, mesmo usando muito das verbas municipais.

Já em relação à decisão entre uma cidade cheia de ervas, com as consequências naturais, ou a bomba química, entende o executivo alargar a discussão com os cidadãos. Tudo indica que a auscultação à população conimbricense é feita, apenas, quando já não há muito mais verba disponível para encontrar uma boa solução.

A intervenção, na reunião da Câmara de 19/08/24, no período antes da ordem do dia, pelo presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva pautou-se por estes pontos de discussão alargada à população:
«1 - Vamos realizar no início de Setembro uma auscultação online da opinião pública relativa à reutilização do glifosato nos espaços urbanos. As pessoas preferem tolerar algumas ervas, numa espécie de renaturalização da cidade e pelas várias razões acima referidas, ou preferem que se utilize glifosato, nas quantidades necessárias? Estas são as alternativas relativamente às quais queremos que os conimbricenses decidam. Naturalmente, relativamente à utilização do glifosato haverá duas alternativas, usá-lo de forma generalizada ou usá-lo apenas nas vias de menor tráfego pedonal, que, na verdade, também é onde as ervas incomodam menos. Queremos que as pessoas decidam e agiremos conforme a vontade dos munícipes. Reafirmando que, se optarem pela não utilização do glifosato em passeios, será inevitável o convívio, que esperamos mais pacífico, com ervas nos passeios.» Neste ponto considera “mais pacífico” o convívio com o desmazelo e com a possibilidade de parasitas e ratazanas ou, como opção alternativa o uso da bomba química.

Já no ponto dois, considera que haja gente que numa constante ação de voluntariado possa poupar dinheiro à Câmara de Coimbra para ser usado em outras decisões que não necessitam de discussão pública. «2 - Estamos disponíveis para entregar espaços verdes, sobretudo os de menor dimensão, total ou parcialmente, a pessoas que tenham gosto em cuidar deles, com a disponibilização de apoio técnico e de plantas por parte da Câmara. Para tanto, basta as pessoas manifestarem à Câmara essa disponibilidade e vontade. Fica este apelo em aberto, à espera de voluntários.» A questão que se coloca é se essses voluntários são ouvidos nas decisões da distribuição de todas as verbas públicas.

A terceira possibilidade parece ser uma solução possível com o apoio de mecenato de empresas que publicitem o apoio a espaços verdes urbanos, mas deve envolver outras soluções. «3 - Vamos também procurar reforçar parcerias com instituições ligadas à área verde e abrir a possibilidade a patrocínios de jardins por empresas, com base em mecenato e outsourcing.»

A quarta possibilidade faz ligação com a falta de auscultação da população de Coimbra sobre o uso de todas as verbas como foi o caso do “investimento” global da autarquia com os 4 concertos dos Coldplay que foi de 468.490,92 euros e que agora, para este problema, falta - como é afirmado neste quarto ponto de discussão: «4 - Estamos também a considerar, por iniciativa da Câmara, reforçar o outsourcing de mais espaços verdes, o que obrigará a mais financiamento. Precisaríamos de mais cerca de 100 a 120 mil euros.» A realidade é que cada concerto custou quatro vezes mais a verba necessária para ajudar a resolver este problema de prioritária resolução.

Qualquer, correto executivo camarário sabe que não há uma única via para se encontrar uma melhor solução. Neste caso, das ervas a crescerem em espaços públicos, a solução deve passar por um conjunto de ações que devem ser implementadas. O corte mecânico é absolutamente necessário e a necessidade de contratar mais jardineiros é prioritário, mas, para isso, deve-se dar boas condições laborais. Como diz o povo «não se fazem omeletes sem ovos» e desejar fazer grandes despesas para poucos dias, mesmo que tenham todos os argumentos, a verdade é que as prioridades da organização da cidade devem ditar as prioridades das decisões.

Colocar outras ações em simultâneo como o pedido de mecenato para apoios em espaços verdes mais urbanos e com maior visibilidade, como está no ponto terceiro apresentado pelo presidente da Câmara, liberta economicamente o Município para uma maior limpeza de ruas.
Em paralelo, pagar a voluntários, que pode até ser libertar de pagamento de taxas municipais até determinados montantes, conforme horas de trabalho em zonas comunitárias, pode ser uma maior motivação para ser usada como outra ação a ser usada pela Câmara de Coimbra. O que não é nada comparado com a despesa polémica dos 33.750 euros (valor inicial) do contrato com «Nirit Harel - Marketing Services Company» para divulgação de Coimbra no estrangeiro, mas que, afinal, não se veio a realizar. Logo a seguir, por uma questão ética, a CMC não pode pedir voluntariado gratuito aos cidadãos.

Outra despesa polémica, que encurtou as verbas para a resolução das prioridades municipais foi entregue à Casa da Cidadania da Língua com 40 650,34 € (em contratos com a empresa lisboeta UAU – Produção de Espectáculos, Lda.) mais o contrato de 150.000€ com a APBRA que retiram a possibilidade de se encontrar mais ações para resolver o problema das ervas a crescerem na cidade.

Também, não é só o dinheiro que condiciona a procura de outras ações para a solução. Uma das ações, talvez mais criativas, é do o uso de cabras para zonas mais afastadas do centro urbano ou para pequenos espaços verdes na cidade. Desde que devidamente protegidas, as cabras, até por atração turística à “cabra” da torre universitária, pode ser uma ação a usar em conjunto com tantas outras possibilidades criativas.

O Ponney propõe a criação do “dia da Cabra em Coimbra”!

Mas, alegadamente, falta criatividade a este executivo para vir colocar a escolha entre entre um mal e um muito mal como possível solução pela falta da maior riqueza do século XXI: a criatividade!

JAG