PERIPÉCIAS NAS GREVES DOS SMTUC

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As greves dos motoristas dos Serviços Municipalizados dos Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) foram decididas, por votação no Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), fazerem greves a partir de Fevereiro em que se aumentava um dia por cada mês a mais de greve. Esta luta pretendia melhores condições de trabalho, nomeadamente a reposição da carreira de motoristas e aumentos salariais, em luta com a forma de greves mensais. Mas entretanto aconteceram muitas peripécias. O Ponney vai relatar os acontecimentos mais surpreendentes.

No ano passado, 2024, o executivo Municipal entendeu que a solução para a carreira dos motoristas passava por transformar os SMTUC em empresa Municipal. Com toda a boa intenção que o executivo da Câmara Municipal de Coimbra (CMC) pudesse ter, é importante termos atenção que a boa vontade ficava sempre dependente “das melhores práticas do mercado, com vista ao equilíbrio financeiro da exploração do serviço de transporte público de passageiros” - expressão em documento da CMC .

Se a opinião do executivo era a transformação de um serviço de transportes municipais para empresa municipal, para os trabalhadores dos SMTUC não o era. Também por isso entenderam marcar greves dos SMTUC. Na altura do calendário de luta o executivo da Câmara Municipal de Coimbra (CMC) argumentou que as conversações com o Governo estavam a decorrer e que não via sentido na marcação de greves que estavam pensadas para se prolongarem até Setembro. Apesar de, em campanha nas Autárquicas de 2021, o cabeça de lista (hoje presidente da Câmara de Coimbra) ter considerado que as greves dos motoristas dos SMTUC eram uma luta perfeitamente justa. Hoje, o facto é que cria um problema durante a campanha para as próximas Autárquicas de 2025.

O argumento público do executivo da CMC apelava à falta que fazia aos passageiros dos SMTUC o serviço de transportes urbanos causado pelas muitos dias de greve. No entanto a falta de condições dos trabalhadores fazem com que concorram menos candidatos a motoristas de ano para ano. Neste momento faltam motoristas (reconhecido pela próprio executivo camarário) que impedem haver mais autocarros em circulação. Havendo esta preocupação, para com os utentes dos SMTUC, por parte do executivo Municipal, a solução da carreira dos motoristas também é essencial para um melhor serviço dos transportes municipais.

As negociações entre o STAL, a Comissão de Trabalhadores dos SMTUC (CT SMTUC) e o Governo vieram a ter concretização numa reunião, em Abril, que correu a favor dos interesses da CT dos SMTUC. Enquanto o STAL inclinava-se mais para um subsídio que compensasse os ordenados, a CT dos SMTUC entendia que o subsídio poderia ser retirado e, por isso, não defendia a carreira de motoristas. A falta de condições laborais não aliciava com uma carreira que pudesse motivar a entrarem mais motoristas - aumentando as possibilidades de mais linhas de autocarros.

Nas reuniões, os representantes do Governo, mostraram-se apoiantes da luta dos motoristas pela CT dos SMTUC. Mas o Governo voltou para votação. No interregno os motoristas continuaram a greve, pois não tinha havido qualquer decisão.

O presidente da Câmara Municipal de Coimbra veio dizer que a continuação da greve tinha impedido as negociações com o Governo. Na realidade o Governo ainda não tinha tomado posse e por isso não existindo decisão a greve dos motoristas continuaram.

Em finais de Junho de 2025, foi anunciado, por José Manuel Marques, na página “Câmara de Coimbra página não oficial” que um dirigente do STAL Coimbra, João Soares, que é motorista nos SMTUC, foi, alegadamente, visto a fazer serviço para uma empresa privada durante o período em que também estava a fazer greve.

O que levantou uma enorme discussão entre os trabalhadores dos SMTUC. Agora, no início de Julho, nesta terça-feira, Luísa Silva, coordenadora regional de Coimbra do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), anunciou à agência Lusa desconvocar as greves previstas para os meses de Julho, Agosto e Setembro. Não houve suspensão, foi mesmo desconvocada sem que o Governo ainda não tivesse dado uma resposta.

A coordenadora regional de Coimbra do STAL , Luísa Silva (também funcionária da Câmara Municipal de Coimbra), disse à Lusa que os trabalhadores “estão cansados da luta de muitos dias” e como o Governo está em funções há pouco tempo “vão dar o benefício da dúvida”. O facto é que os motoristas estão desde Fevereiro em luta e agora, no final desconvocam a greve com o argumento que “estão cansados”. O “benefício da dúvida” levanta algumas dúvidas a alguns elementos da Comissão de Trabalhadores dos SMTUC.

O Ponney falou com alguns elementos da CT dos SMTUC. A opinião pessoal desses elementos da Comissão de Trabalhadores é que «não estamos de acordo com a desconvocação das greves. Até porque o plenário dos motoristas, que levou a esta decisão, foi convocado em tempos de férias e acabaram por não ter a votação de todos os motoristas..ou da maioria.» Os elementos da Comissão de Trabalhadores querem apenas que se pudesse fazer «uma suspensão da greve que poderá retomar em setembro caso o Governo não tome nenhuma decisão.»

A posição de alguns elementos da Comissão de Trabalhadores dos SMTUC não estão satisfeitos com a decisão do STAL.

«Queremos corrigir uma injustiça na carreira dos motoristas dos SMTUC, que tem consequência no funcionamento dos SMTUC, mas não queremos ser moeda de troca em jogos partidários.» - Referiu um dos elementos da CT dos SMTUC.

JAG
04-07-2025