Portugal dos Pequenitos
Originalmente, a idealização do Portugal dos Pequenitos surgiu no seguimento da vontade do professor Bissaya Barreto, em criar um jardim de recreio para a Casa da Criança Rainha Santa Isabel.
Iniciado em 1938 e concluído em finais de 1962, com projeto do arquiteto Cassiano Branco, foi materializada a mitologia veiculada pelo Estado Novo, em que a ruralidade era reflexo da simplicidade moral, juntamente com a austeridade e a decência e que, coabitavam com as glórias do expansionismo marítimo português.
Após a inauguração em 8 de junho de 1940, confirmava-se a preocupação, do seu mentor, em que o parque não fosse um mero museu de miniaturas arquitetónicas, mas um espaço pedagógico de elevada expressão cultural dando relevo aos pormenores artísticos cuidadosamente escolhidos e relacionados entre si.
A primeira fase de construção do Portugal dos Pequenitos, junto à já referida Casa da Criança, destinada às classes infantis até aos 10 anos, era constituída por um aglomerado de casas que documentava elementos etnográficos, históricos e arquitetónicos das províncias portuguesas.
Entre 1940 e 1950 foram construídos, os pavilhões representativos das então províncias ultramarinas em África, do Brasil, de Macau, do Estado Português da Índia e de Timor Português.
A facilidade com que em pequenos passos, se passou a percorrer diferentes continentes e séculos, emprestou, ao Portugal dos Pequenitos, uma importante força simbólica, à época, no que respeita à validação da identidade da nação imperial.
Finalmente, a partir dos primeiros anos da década de 1950 até 1962, desenvolveu-se a Secção Monumental que, juntamente com parte da Colonial, mais direcionada para as crianças maiores de dez anos.
Esta secção tem representações de partes de monumentos em mini-escala, assembladas, dando o resultado final de edificações quase surrealistas.
Nos últimos meses o Portugal dos Pequenitos foi submetido a obras de melhoramento da rede de infraestruturas, intervenções de requalificação paisagista, inovação tecnológica e criação de espaços de exposições, antevendo-se outras beneficiações nos próximos anos.
Carlos Ferrão
Ilustração: Antigo portão de entrada da Casa da Criança