QUANTO CUSTA UMA HABITAÇÃO SOCIAL EM COIMBRA?

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Perante tantas críticas, inclusivamente, feita pelos jornais da cidade. O executivo da Câmara Municipal de Coimbra arregaçou mangas e começou a escrever artigos, em forma de auto-elogio, mandando publicar em alguns jornais.

O desta semana, por exemplo, foi publicado no sector das “opiniões Extra” do diário As Beiras. Isto porque uma parte dos jornais já passaram por ter uma queixa feita pelo presidente da Câmara ao DIAP e, ou à, ERC, então o executivo da Câmara resolveu tomar para si a divulgação de notícias.

Pelas informações que nos chegaram ao O Ponney, houve queixa contra o “Notícias de Coimbra”; contra a página de humor “Movimento de Humor” (nesta situação, nem sequer houve matéria para colocar os responsáveis como arguidos); e agora contra o “Campeão das Províncias”.

Sendo, por essa razão, necessário que seja o próprio presidente da Câmara de Coimbra a escrever um artigo de auto-elogio do executivo da Câmara de Coimbra a que acrescenta a assinatura de mais um vereador com o pelouro correspondente ao assunto.

Desta vez com o título «RESOLVER A FALTA DE HABITAÇÃO SOCIAL EM COIMBRA» foi assinado pelo próprio presidente da Câmara, José Manuel Silva, e pela vereadora com este pelouro, Ana Cortez Vaz, percebendo-se bem o elogio ao excelente trabalho do executivo liderado pelos autores do artigo de “opinião-extra”.

O artigo inicia com um parágrafo que esclarece qual é o objetivo do artigo: «Uma das prioridades do atual executivo é resolver a enorme falta de habitação municipal em Coimbra. Para isso, os serviços têm trabalhado com o máximo empenho!»

Depois conta que foram aprovados 5 de 10 projetos que concorreram aos fundos vindos do PRR – Programa de Apoio ao Acesso à Habitação onde o “financiamento de mais de 40,2 milhões de euros, correspondentes à reabilitação de 120 habitações no Planalto do Ingote e à construção de novas habitações.” Não se sabe quantas habitações vão ser construidas, mas sabe-se que o número das que vão ser reabilitadas vão ser 120.

Mas as contas são relativamente fáceis de fazer, para termos uma ideia de quanto custa, em média, uma habitação social ao erário público. Vamos buscar dados, transmitidos no passado mês de Maio, onde a Câmara de Coimbra fez uma adjudicação para a construção de 268 fogos de habitação social na Quinta das Bicas, em Taveiro, por 35,7 milhões de euros (sai, em média, por cada habitação social, 133.209 euros). Sendo a empresa Tecnorém que venceu o concurso público em que participaram sete empresas, estando previsto construir os 268 fogos num prazo de 610 dias, num investimento que conta com financiamento a 100% do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Isto foi revelado pelo próprio município, em nota de imprensa enviada à agência Lusa. Estando também incluída a proposta de adjudicação de reabilitação de 21 habitações do Bairro da Fonte do Castanheiro, por 2,9 milhões de euros (138.096 euros cada habitação social - mais 4887 de euros por cada habitação - comparando com as habitações sociais de Taveiro).

Mais adiante, no mesmo artigo de “extra-opinião”, assinado pelo presidente e pala vereadora, podemos ler «Com esta medida, Coimbra vê pré-aprovada a operação de ‘Reabilitação de 33 fogos no bairro Fonte do Castanheiro’, cujo investimento ascende aos 5,9 milhões de euros; esta candidatura foi submetida a 29.09.2023 e ainda não tem resposta formal por parte do IHRU!»

Com uma conta de divisão entre os 5,9 milhões de euros e os 33 fogos no bairro do Castanheiro dá-nos uma média de 178.788 euros por cada reabilitação.

No mês de Maio, deste ano o preço médio para construir uma casa social anda na ordem dos 133 mil euros a 138 mil euros, presumimos que depende do sítio a diferença dos quase 5 mil euros a mais por cada habitação social.

Já a reabilitação para cada habitação no bairro do Castanheiro anda em média, segundo as próprias contas, em bruto, do presidente da Câmara e da vereadora com o pelouro social, em 178.788 euros por valor médio de cada reabilitação. O que parece muito dinheiro, quer para reabilitação, quer para a construção de um conjunto de habitações (onde muito do preço está diluído pelo número). Se compararmos, por exemplo com uma moradia, pronta a habitar com luxo, situada numa das freguesias de grande apreço pelo senhor presidente da Câmara, Souselas e Botão (pois foi a primeira freguesia onde ganhou o movimento “Somos Coimbra”), de tipologia T2 em área bruta de 116 metros quadrados, com pátio e churrasqueira e que o preço para venda é de 125 mil euros.

Será que há construtores, com melhor qualidade e mais baratos na freguesia de Souselas e Botão? O Ponney acredita que sim.

Voltando ao artigo “extra-opinião” e na parte final diz: «No total, o atual executivo prevê a reabilitação de 201 fogos e a construção de 325 novas habitações municipais.»

Pelas contas, dadas pelo próprio executivo da Câmara, cada casa social reabilitada anda em média pelos 178.788 euros e cada construção de raiz anda, em média, por casa, com o preço de 136 mil euros.

Fica à consideração de cada pessoa aferir se corresponde à realidade este auto-elogio final: «Estamos a trabalhar muito e bem, de forma acelerada e organizada, mas conscientes de que não podemos ficar por aqui.
Porque temos uma forte consciência social, é com enorme satisfação que estamos a dar um robusto impulso à habitação municipal no nosso concelho, apoiando desta forma as pessoas que dela mais necessitam.»

Mas cada pessoa deve refletir sobre o preço médio de construção e de reabilitação para cada casa social e se o dinheiro público está, ou não, a ser bem gerido.

JAG