Sonhei com Coimbra.
Ao regressar a Coimbra, e ao descer da alta para a baixa, maravilhou-me o movimento de jovens a saírem das suas casas, em passo acelerado, rumo à azafama de mais um dia vibrante e criativo vivido em tantas das empresas que se sedearam no recém-inaugurado parque tecnológico, superiormente instalado na margem esquerda, nos terrenos das antigas instalações dos autocarros e que agora estão dignamente instalados numa zona desafogada do perímetro urbano.
A Cidade fixou inúmeros talentos e soube afirmar-se, passando a reter as empresas aqui criadas e a ser apelativa para muitas outras. Afinal Coimbra tem indústria.
A baixa, outrora degradada e vazia, é hoje o espelho da mudança. Entre as inúmeras habitações recuperadas, distribuem-se novos espaços de bens e serviços, com destaque para a restauração, ouvindo-se falar diferentes línguas e música na rua. O que parecia um exclusivo de outras geografias passou a ser uma realidade e os turistas vieram para ficar.
Coimbra está moderna, favoreceu a relação harmoniosa entre as margens do mondego, e aproveitou a sua zona plana para privilegiar a mobilidade pedonal e de bicicletas, e retirar movimento automóvel em toda a zona ribeirinha. O metro de superfície é já uma realidade e veio ajudar a aproximar as diferentes zonas da cidade e as da sua envolvente.
As múltiplas esplanadas, muitas debruçadas sobre o rio, trazem outro encanto a uma Cidade que há muito ignorava o seu bem maior. Com justa bazófia, Coimbra parece outra. Está alegre, e a vida que emana palpita em cada esquina.
Ao passear entre margens a vista arregala-se. O velhinho Universitário está modernizado e de braço dado com o desporto e com a comunidade. A Universidade está mais aberta que nunca ao mundo e isso reflete-se na dimensão social da Cidade. Foram criados programas para atrair estudantes com ligação ao desporto e a nossa Académica conta hoje com reforços de peso em todas as modalidades.
Muito gostei de ver o nobre espaço da antiga “penitenciária” transformado numa nova centralidade de cultura no qual se fundem diferentes tipos de arte, bem como alguns dos antigos quartéis transformados em modernos hotéis.
Santa Clara está luminosa, a Solum mais aprimorada, Celas de cara lavada e o Bairro a lembrar o melhor de Brooklyn.
No sonho, Coimbra assumiu-se como a verdadeira capital da inspiração, da multiculturalidade e do conhecimento. É uma Cidade plena de ambição.
António Gedeão escreveu que “o sonho comanda a vida”. Que Coimbra saiba dar vida ao sonho para que o seu futuro “pule e avance como uma bola colorida nas mãos de uma criança”.
José Alexandre Cunha