ACADÉMICA: SEM RUMO E FRACO DESTINO

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A nossa Académica vai na linha da Cidade que, faz mais de 20 anos, não tem
um Plano para seu governo e não promoveu um Programa que possa trazer a
viragem necessária para, em pleno séc. XXI, estar preparada para os
desafios que deve enfrentar e trilhar caminhos que se abrem nos novos
horizontes da 4.a Revolução Industrial, que vivemos, a qual nos domina e,
também, às Instituições e às Entidades, sejam públicas e privadas.

Já é a 6.a ou 8.a vez, em cerca de uns 4 anos, que, e em face das críticas
que a massa associativa transmite, por má prestação da equipa e pela falta
de um projecto de futuro para a AAC/Organismo Autónomo de Futebol, venho a
este "púlpito" deixar umas ideias.

O espírito da nossa Académica, passados mais de 100 anos, sobre a sua
criação, está a evaporar-se, porque não se cuidou de o levar aos principais
cantos para ele se reprojectar, restaurar e revigorar – Escolas de todos os
graus, incluindo a Universidade; Cidade no seu todo; empresas e
empresários; Instituições e Entidades de Coimbra; assim como estudantes e
Associações espalhadas pelo País e Comunidades Portuguesas pelo Mundo – num
abrasador desgaste da imagem desse nosso prestigiante Clube.

Façamos um exercício que nos pode dar novidades de triste resultado:
perguntem à malta estudantil, das mais diversas Escolas da Cidade, se sabem
qual o espírito e a tradição da Académica?; que significado teve na
formação de muitos dos nossos profissionais dos mais variados ramos?; que
posição tomou na crise de 69?; e que posição ocupou e desempenha hoje, como
agremiação desportiva, na Cidade e a nível Nacional?.

Ao município, garante de uma política governativa e
administrativo-colectiva da urbe, cabe não deixar morrer os símbolos, as
estórias, as tradições, as figuras e os factos, a que se devem anexar
locais emblemáticos e outros marcos, os quais são não só garante da
História local e nacional mas, também, a divisa que nos distingue das
demais Cidades e que deve merecer a defesa da autarquia, de cada um e de
todos. A Câmara tem andado esquecida destes e de outros seus deveres…como
unidade e coesão pública, colectiva e dos conimbricenses.

A Académica é, efectiva e reconhecidamente, uma das principais marcas de
Coimbra e de Portugal, pois é uma das maiores glórias
desportivo-estudantis-citadinas que não pode deixar de se dar a conhecer às
gerações presentes e futuras. E muitos dos seus jogadores – a maioria
“prateleirados” por uma boa parte de nós e, também, pela autarquia (nem
existe um dia local da Académica e de outros Clubes para firmar o nosso
bairrismo) – foram glórias que as memórias puseram no baú dos esquecidos…
Urge recordá-los e retrazê-los para o nosso presente.

A Académica precisa de se revitalizar e de se reordenar, para remarcar e
recatapultar a sua mística, principalmente divulgando-se para, e junto de
muitos, aqui, em Coimbra e, também, por esse mapa nacional fora e além-mar,
voltar a captar vontades, amizades e sócios para lhe dar nova vida,
refrescando o seu Programa.

Outrossim, a Académica precisa de redescobrir a sua faceta de preparar
malta nova para a vida, exigindo-se-lhe que, e junto das comunidades
nacionais e por esse mundo fora, capte jovens talentosos que pretendam, na
escola de formação do Clube, para os estudos-vida e para o futebol, entre a
bola e a escola, encontrarem as portas para o seu futuro. Um Plano bem
esgalhado, dividido entre o Clube, o Ministério da Educação e a própria
Câmara Municipal, seria a certeza de se implantar um centro de formação de
futebol, associado a um outro de ensino diverso, que arrebataria Fundos
Comunitários, constituindo uma forma de a Académica superar as suas
dificuldades financeiras e contribuir para o universo académico- desportivo
e de instrução-formação.

Já vai sendo tempo de a nossa Académica perceber este novo tempo e de se
fazer ao tempo. De ser uma Académica do séc. XXI e de ter uma postura de um
Clube moderno, com mentalidade arejada. Uma Instituição secular, um dos 12
mais antigos Clubes do Mundo, que  não se esquecendo do seu espírito e da
sua mística, tem de saber projectar-se para se preparar para hoje, rasgando
o futuro… amanhã, hoje, é já ali…adiante.



                                                                                                                                                                                                                                      António Barreirros