De volta aos sócios
As coisas por vezes esturram, e, nessa altura, vêm-me à cabeça três ou quatro historietas humorísticas que animam a mente.
Uma delas é que trata da diferenciação entre “justo” e “correcto”:
Dois casais encontram-se no átrio de um motel, cada um com a mulher do outro. A discussão acontece, justificação para aqui e justificação para ali, e um diz:
- Bem, o mais correcto é esquecermos tudo isto, e cada um vai para sua casa, não acham?
Responde o outro:
Sim, sim, pode ser correcto mas não é justo. É que vocês vêm a descer!...
Outra historieta é a passada no consultório do dr. Abílio Duque, médico das “varizes” com consultório na R. Ferreira Borges, em que interveio como paciente o Professor _Doutor Carlos Moreira, ao tempo Vice-Reitor da Universidade, uma Pessoa de trato e espírito finos, sempre bem-humorado.
De rabo virado para o ar, ouve esta sentença do dr. Abílio Duque:
- Senhor Professor, o senhor tem aqui um furunculozinho à entrada do ânus, do lado direito…
Resposta instantânea do paciente, torcendo-se um bocadinho:
- Perdão, sr. Doutor: à saída e do lado esquerdo, que por aí nunca entrou nada.
A terceira, e a ordem delas é arbitrária, passou-se uns tempos depois do 25-barra-quatro- de setenta e quatro, quando o país já era desgovernado pelo PS e alguns apêndices.
No estado velho (salazarista), a gasolina estava a 2$50, e no estado novo /social-comunista), já ia nos 7$50.
Ia no carro de um amigo, o Costa, que Deus tenha bem amparado, quando o ministro socialista das finanças – o PS teve sempre excelentes ministros das finanças – começou a justificar o aumento, dizendo na rádio que os portugueses tinham de capacitar que nem toda a gente podia continuar a andar de carro, e que muitos, mesmo muitos, tinham de regressar aos transportes dos avós, usando o burro.
O Costa travou de repente, valeu-me o cinto de segurança do meu banco, e escuto-o quase aos gritos, furibundo:
- Esta besta nem sabe quanto custa um fardo de palha!
Ri-me, não pelo que ele disse, com que concordava, mas para desanuviar o ambiente.
Quando falo de futebol ou, principalmente, quando leio certos comentários, feitos, principalmente por quem devia estar caladinho, lembro-me sempre daquela história passada numa assembleia geral do velho União – já lá vão largas dezenas de anos – em que um sócio do clube, nada contente por estar de pé, pede a atenção da mesa e diz:
- Senhor presidente, há sócios que não são sócios e estão sentados; e há sócios que são sócios e estão de pé.
Calculam, de certeza, a risota que foi. Certo é que, em diversas situações se contava a historieta, e muita gente, mesmo não muito idosa, se lembra de a ouvir,
Pois, pois, J. Pimenta.
No passado dia 4 – O Ponney já estava na banca digital quando se souberam os desejados resultados - os sócios recuperaram o direito de “serem” da Académica e terem a palavra na sua governação, “afastando”, desta maneira, os que, ao longo de seis anos, a “tiveram” com sendo sua.
Embora se esperasse a vitória da lista da “oposição”, deve ter sido um “amargo de boca” para os membros da direcção ainda em “actividade”, que, até à última hora – ou quase – sempre esperaram que os apaniguados e alguns indecisos lhe dessem o benefício da dúvida e os reconduzissem.
A vitória da Lista C foi a vitória do bom-senso, foi a vitória dos sócios que querem uma ACADÉMICA na elite do futebol português, uma ACADÉMICA, que não envergonhe os seus adeptos, os associados e, menos ainda, a cidade.
Todavia, mal se souberam os resultados – a lista C ganhou em todos os parâmetros – a apelar à “unidade”, uma “unidade” ao redor do “ideal” dos vencidos e não dos vencedores.
Qual ministro das finanças português, diz-se que a vitória foi por escassos números, como se uma diferença de dezasseis por cento (58% vs 42%) fosse escassa; que a tomada de posse teria de ser imediata, isto é, nada de concertar datas para a tomada de posse conjunta e não de se ir um a um ou dois a dois ou três a três tomar posse, etc. e tais.
Baboseia-se mal, destila-se fel; reza-se pelo fracasso dos vencedores. Fala-se no correcto e no justo, como se o correcto e o justo seja pertença dos “coveiros”; baralha-se na conjunção de entrada ou saída, esquerda ou direita; não sabem o custo de um fardo de palha quanto mais de quantos paus se precisa para fazer uma canoa. A piorar isto tudo, sócios que não são sócios, mas têm vido a mamar do pote, lançam granadas explosivas de imbecilidade, que os sócios que são sócios educadamente aguentam sem comentar.
Deixemos as (os?) anedotas de lado; demos o nosso voto de confiança aos membros dos corpos sociais eleitos. Dentro de três anos, a Académica voltará a brilhar na I Divisão do futebol indígena.
Há, contudo, muito trabalho pela frente.
À LUTA, gente boa.
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